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Análise: recuperação do comércio deve começar apenas em 2016

A perspectiva é de analistas e empresários do setor ouvidos pelo DCI, que esperam apenas para médio prazo os impactos dos ajustes que deverão ser feitos pelo governo para melhorar a economia ao longo deste ano

O comércio brasileiro pode vir a dar sinais de recuperação apenas em 2016. A perspectiva é de analistas e empresários do setor ouvidos pelo DCI, que esperam apenas para médio prazo os impactos dos ajustes que deverão ser feitos pelo governo para melhorar a economia ao longo deste ano.

"O Brasil tem um excelente potencial para crescimento. Só que será necessário passar por alguns ajustes, a partir do momento que crescer apenas baseado pelo consumo é um formato que já esgotou por aqui", afirmou o presidente do conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar), Claudio Felisoni.

Os ajustes mencionados pelo analista começam a ser sinalizados pelo governo. Entre eles está a redução de despesas, ajustes fiscais que elevarão alguns impostos, aumento do juros e medidas de controles da inflação. "Todas as medidas terão impacto direto no consumo ao longo deste ano", explicou.

Mudanças

Passado o momento conturbado que perdurará ao longo de 2015, Felisoni acredita que a partir de 2016 os empresários que atuam no varejo poderão vir a ter melhores resultados. "O aumento da renda e a melhor distribuiç&atildatilde;o da mesma foram os fatores responsáveis pela explosão do consumo. Não é possível afirmar que isso se repetirá esse ano", afirmou o analista.

Para Felisoni, como o consumo cresceu de forma "anabolizada" nos últimos anos, o arrefecimento já era previsto por muitos especialistas.

"A massa de rendimento tem apresentado menor crescimento desde setembro de 2013 quando estava em 3,90% (no mesmo período do ano passado foi de 3,20%). Isso faz com que o consumidor pense mais antes de fazer compras", disse.

Outro ponto ressaltado pelo especialista foi o da maior cautela do consumidor na contratação de dívidas ao longo prazo. "Existe a possibilidade de um ligeiro aumento na inadimplência este ano", disse.

Estudo divulgado pelo Provar, em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), apontou que neste primeiro trimestre haverá queda no montante de reserva do consumidor – isso após o pagamento de todos os compromissos. "No quarto trimestre do ano passado, a sobra do rendimento mensal do brasileiro era de 11,1%. Agora, nos três primeiros meses de 2014, este índice está em 9,2%. O consumidor brasileiro tem baixa capacidade de honrar dívidas pois o rendimento mensal é abaixo dos R$ 1,8 mil ao mês".

Fluxo menor

Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a Virtual Gate, apontou uma queda de 3,8% no fluxo de clientes no varejo durante 2014 em relação ao ano de 2013. "Ficou bem claro que o consumidor tem ido menos ao ponto de venda. Para reverter isso o empresário deve melhorar a gestão de sua loja para que haja conversão de venda quando o cliente está presente", afirmou ao DCI o diretor de relações institucionais da Virtual Gate, Caio Camargo.

Segundo ele, a perspectiva para 2015 é que esse índice continue com viés de baixa. "Em janeiro, por exemplo, 10% do fluxo de clientes na loja acontece nos 10 primeiros dias do mês. Em dados ainda não oficiais já foi sentida uma redução mesmo com o período de liquidações", explicou.

Vendas lentas

Camargo, assim como Felisoni, acredita que o ano de 2015 será lento para as vendas, ficando praticamente igual ao de 2014. "Não teremos mudança de cenário, 2015 será igual ao que tivemos no ano passado".

A perspectiva de melhorias apenas em 2016 também foi mencionada pelo executivo da Virtual Gate. Para ele, este ano será o período de melhorar a gestão dos negócios, justamente para ampliar a taxa de vendas. "Se o empresário conseguir ter uma taxa de conversão de 20%, vai ampliar significativamente o faturamento".

Camargo afirmou também que entre os varejistas e clientes atendidos pela Virtual Gate, os resultados dos esforços em redução de custos operacionais, melhoria na gestão da loja e ampliação da taxa de conversão serão sentidos apenas no ano que vem. "Os empresários sinalizam que 2016 será o ano de melhoria, assim como entendem que é hora de olhar para o ponto de vendas e encontrar formas de melhorar sua capacidade operacional".

DCI