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Artigo: Conseguiremos retomar a confiança este ano?

Pode-se dizer que o ano de 2014 foi marcado por incertezas no cenário econômico e, principalmente, político. A retração nos investimentos por parte dos empresários, a queda no consumo de bens duráveis e os patamares mínimos históricos observados nos indicadores de confiança confirmam que tal sensação de incerteza elevou o grau de conservadorismo dos agentes […]

Pode-se dizer que o ano de 2014 foi marcado por incertezas no cenário econômico e, principalmente, político. A retração nos investimentos por parte dos empresários, a queda no consumo de bens duráveis e os patamares mínimos históricos observados nos indicadores de confiança confirmam que tal sensação de incerteza elevou o grau de conservadorismo dos agentes econômicos.

O mercado, baseado na evidente queda do consumo e da produção industrial, projeta um crescimento do PIB de 0,3% este ano, e as perspectivas para 2015 não são boas. O baixo crescimento econômico é resultante, predominantemente, de fatores internos e não de uma crise internacional generalizada, conforme dito pelo atual governo na campanha eleitoral. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), este ano a Colômbia deve crescer 4,8% com uma inflação de 2,8%; o Peru, 3,6% com uma inflação de 3,2% e, na América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem apresentar resultados piores do que o Brasil.

Às vésperas do Natal, o varejo segue uma trajetória de queda nas vendas, principalmente na categoria de bens duráveis, fato que projeta grandes dificuldades para 2015. Os dados de agosto da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), elaborada mensalmente pela FecomercioSP em parceria com a Secretaria da Fazenda, revelam que o faturamento do varejo recuou 9,9% no Estado de São Paulo, em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do período de janeiro a agosto, a queda é de 2,4%. A entidade projeta que o comércio varejista deve encerrar o ano com queda de até 2%.

A reversão desse quadro depende de ações concretas da equipe econômica para fazer os ajustes necessários, que poderão levar à retomada da confiança, sobretudo do setor empresarial, e alavancar os investimentos. Diante de uma inflação de 6,75% no acumulado dos últimos 12 meses, em setembro, acima do teto da meta (6,5%), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a Selic de 11% para 11,25%. Foi o primeiro sinal de preocupação com o controle inflacionário, mas ainda é pouco. A coordenação harmoniosa das política monetária e fiscal continua sendo a melhor alternativa para o combate à inflação.

No âmbito fiscal, observa-se uma deterioração das contas públicas pela redução do superávit primário decorrente do aumento dos gastos públicos e, em menor parte, do baixo crescimento econômico.

Outro desafio a ser enfrentado é o desequilíbrio nas contas externas. Em outubro, a balança comercial brasileira registrou déficit de aproximadamente US$ 1,2 bilhão. É o pior resultado para o mês desde 1998, quando houve um déficit de cerca de US$ 1,4 bilhão. Houve uma queda na demanda externa no período pós-crise e no preço das commodities, mas é preciso destacar, também, que o Brasil ainda tem um perfil fechado e protecionista. Um maior grau de abertura garantiria maior acesso a investimentos, tecnologias e ganhos de produtividade.

Além dos pontos destacados, é prioritária a proposição de uma agenda que contemple a redução da burocracia e as reformas tributária, trabalhista e previdenciária, dentre outras correções essenciais, para que o Brasil atinja um modelo de crescimento sustentável nos próximos anos.

Abram Szajman é presidente da FecomercioSP.
Artigo publicado na revista Eletrolar News, em 01/01/2015.