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Brasil tem hoje oportunidade única no cenário mundial, diz especialista

Christian Lohbauer fala sobre “Desafios Macroeconômicos” e diz que Brasil tem hoje oportunidade única de crescer e se desenvolver

A perspectiva para 2011 é de crescimento na economia brasileira, mas não mais no “ritmo chinês” do último ano. A análise é do cientista social Christian Lohbauer, membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional (GACINT) da Universidade de São Paulo (USP), que falou sobre “Desafios Macroeconômicos” em palestra realizada no dia 15 de dezembro, no Tênis Clube de Campinas.

A plateia formada por empresários conheceu a visão pessoal do jovem doutor em Ciências Políticas, que iniciou sua palestra com uma panorâmica da economia de hoje no Brasil e no mundo. Além de otimista, Lohbauer acredita que o Brasil tem hoje uma oportunidade única em sua história de crescer e se desenvolver. O cenário mundial contribui para este momento, que nós não podemos desperdiçar. Para tanto, o governo precisa investir muito mais do que investe hoje. Lohbauer também acredita que está no comércio esta grande chance de riqueza do País.

Oportunidade única
“Vivemos em um quadro inspirador”, resumiu o cientista social. “O Brasil tem hoje uma oportunidade inédita.” O desafio do País é investir em infraestrutura para que ela fique compatível com o crescimento. Nos últimos 25 anos, não houve registro de um crescimento tão grande no PIB como o de 2010, de 7,5%. A previsão para 2011 é de crescimento de 4,1%.

O cenário que ele enxerga hoje é o seguinte: “As taxas de juros Selic ainda são absurdas, mas já foram maiores. Temos inflação de 5,85% ao ano. Temos reservas, um acúmulo importante que dá estabilidade à economia brasileira. O emprego no Brasil caminha para uma situação de quase pleno emprego, com apenas 5,5% de desemprego. Neste caso, o perigo é o aumento dos custos do salário. No agronegócio, há uma relativa estabilidade na balança comercial.”

Na indústria, acredita Lohbauer, a situação está um pouco mais complicada, porque a participação do setor no PIB nacional vem caindo – de 27,3% em 2008 para 25,4% em 2009. “Falta uma política industrial. Não temos isso desde o governo Geisel. Vamos ver agora se isso muda com o novo governo.”

A riqueza está no comércio
Outro indicativo de forte crescimento econômico brasileiro apresentado por Lohbauer foi a importação. O Brasil é um dos países onde mais cresceu a importação em todo o mundo. De dezembro de 2009 a setembro de 2010 houve um crescimento de 46%. Apesar do grande aumento na importação, detemos apenas 0,97% da importação em todo o mundo. Ainda existe, portanto, um espaço grande para este universo.

“É no comércio que está o enriquecimento das nações. É onde devemos investir todos os nossos esforços em termos de sociedade”, acredita o cientista social. “O Brasil cresceu em função do consumo”, lembra Lohbauer.

Mas agora, depois de décadas de estagnação econômica, o País enfrenta os problemas do crescimento e precisa investir nas soluções. Há ainda grande dificuldade de enfrentar as questões de infraestrutura, diz Lobhauer.

Ainda assim, entre as economias em desenvolvimento, temos muitas condições favoráveis. “O País fez trabalho competente em uma série de temas. No Proer, o ajuste do sistema financeiro facilitou o Brasil diante do desastre que houve para os outros países”, avalia o cientista social. “O Brasil melhorou um pouco e o mundo piorou demais.”

Nos Estados Unidos, há um duplo déficit – o público e o fiscal. Eles devem US$ 14 trilhões. O Brasil deve 53% do PIB. Na União Europeia, a situação da Grécia e da Irlanda é gravíssima. No Japão, a estagnação dura mais de 20 anos. Na China, há um crescimento acelerado com câmbio desvalorizado.

“Há dez anos, esta situação mundial era inimaginável. A situação no mundo é inédita. Os três gigantes estão em estagnação ou queda. O Brasil tem grande oportunidade”, diz Lohbauer. “O maior problema hoje é a baixa taxa de investimento no Brasil. Seria preciso aumentar para 25% do PIB para assegurar crescimento.”

Falta investimento do governo
“Crescimento se constroi com investimento, para que haja crescimento sustentável”, defendeu o cientista social. O governo leva 38% do PIB em imposto e investe 2%. “Precisa aumentar o investimento do governo em infraestrutura, energia, educação e desenvolvimnto tecnológico, além de reduzir o custo Brasil, fazer uma política industrial e regularizar o câmbio”, enumera Lohbauer.
O setor de laranja que exporta 98% do que produz não sobrevive muito tempo com este câmbio, destaca Lohbauer. “Mas a intervenção no câmbio não é uma coisa boa. É melhor ter um câmbio livre”, acrescenta. “Esta engenharia com relação ao câmbio tem der ser prioridade número 1 do governo Dilma.”

O Brasil novo
“Temos de fazer o Brasil novo se impor sobre o Brasil antigo”, diz o cientista social. Para ele, os ministérios formados pelo novo governo estão muito parecidos com o de governos anteriores. “O ambiente cinzento na política brasileira é sempre muito ruim.”

Christian Lohbauer encerrou sua palestra falando sobre a Copa do mundo que deverá acontecer no Brasil. Na sua opinião, todas as obras estarão prontas no prazo esperado, “mas são nossos filhos que vão pagar muito caro por isso”.

“Temos um desafio internacional gigantesco, uma oportunidade única.”

CRESCIMENTO DO PIB

BRIC PIB 2010  2011
Brasil
–  7,5%    4,1%
Rússia – 4%   4,3%
Índia – 9,7%   8,4%
China – 10,5%   9,6%