Home  > Notícias do Varejo  > Campinas tem pior janeiro dos últimos seis anos para o setor

Campinas tem pior janeiro dos últimos seis anos para o setor

Nem os descontos de 70% foram suficientes para salvar janeiro

Em letras garrafais, os comerciantes campineiros anunciam promoções e descontos que vão de 20% a até 70% nos preços de suas mercadorias. Mas nem mesmo isso vem animando os consumidores.

Balanço divulgado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostra que o mês de janeiro foi o pior dos últimos seis anos para o setor, com as vendas encolhendo 2,75% em relação ao ano passado. O faturamento ficou em R$ 983,4 milhões – também abaixo dos R$ 996,7 milhões de 2014.

O cenário negativo e as contas e impostos tradicionais de início de ano influenciaram o comportamento dos consumidores. Análise do Departamento de Economia da Acic prevê um primeiro trimestre de arrocho e um movimento no varejo fraco em relação aos anos anteriores.

A estimativa tem como base os números da economia e também as pesquisas de intenção de compras que mostram queda no consumo. Conforme o estudo mensal da entidade, em janeiro houve queda nas vendas à vista e no crediário.

"As compras a prazo apresentaram um recuo de 0,59% sobre janeiro do ano passado e as compras à vista caíram 5,53%. Esses números mostram como janeiro foi ruim. A queda de 2,9% foi a pior dos últimos seis anos. Desde o início de 2010 não tínhamos um cenário tão desanimador. Nem mesmo as promoções estimularam o consumo", comentou o economista da Acic, Laerte Martins.

Ele ressaltou que, em momentos de crise econômica, a tendência é que as pessoas prefiram guardar dinheiro ou pagar contas pendentes. E um sinal de que o campineiro esta preocupado em se livrar das dívidas é que a inadimplência avançou apenas 2,9% em janeiro – o normal é que nos primeiros meses do ano haja um forte acréscimo na quantidade de carnês sem pagamento.

No mês passado, o saldo foi de 16.448 documentos em atraso há mais de 30 dias. Em janeiro de 2014, o volume foi de 15.985. "O calote de janeiro em Campinas ficou em R$ 11,5 milhões. Se analisarmos os números dos últimos 12 meses, o volume chega a R$ 146,1 milhões", apontou Martins.

O economista disse que no mês passado o calor impulsionou a venda de alguns eletrodomésticos, como ventiladores e ar-condicionado. "O aumento de vendas em relação a janeiro do ano passado no segmento de eletrodomésticos foi de 3,9%. O material escolar também teve aumento de 2,85% nas vendas. Já vestuários e calçados, apesar de serem segmentos que concentram maior número de promoções, cresce apenas 2,1%, enquanto eletroeletrônicos registrou avanço ainda menor, de 1,5%", detalhou.

Martins disse que o quadro em janeiro também foi decepcionante na Região Metropolitana de Campinas (RMC), onde as vendas caíram 2,82% e o faturamento recuou de R$ 2,37 bilhões no ano passado para R$ 2,34 bi agora.

"A inadimplência subiu 2,78%, com um saldo de 39.512 carnês atrasados e calote de R$ 27,7 milhões. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de 497.295 documentos sem pagamento e perdas de R$ 348,1 milhões".

Esperança

Os comerciantes esperam que as vendas melhorem depois do Carnaval e do pagamentos das dívidas e impostos de início de ano.

"Janeiro foi fraco, fevereiro também começou com vendas mais baixas. Acho que o endividamento do consumidor e as contas de início de ano limitaram o poder de compra. Mas a expectativa é que a situação melhore depois do Carnaval", comentou a gerente de uma loja de vestuário, Marlei Santana Laranjeira.

Leandro Lima, gerente de um depósito de materiais para construção, acredita que as vendas do seu segmento só não foram ainda piores porque subiu muito a comercialização de caixas d´água por conta da seca.

"O comércio está parado. As pessoas não querem gastar porque tem medo de ficarem desempregadas. Além disso, todo mundo tem muita conta para pagar no início do ano. O que salvou o mês foi a venda de caixas d´água, que esgotou o nosso estoque", disse.

Fonte: Correio Popular