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Choro e tenho chilique no trabalho, diz dona do Magazine Luiza em palestra

Trajano, que é referência em empreendedorismo, especialmente para mulheres, falou a uma plateia de 440 mulheres durante o Fórum Empreendedoras, realizado pela Rede Mulher Empreendedora, em São Paulo

Uol Empreendedorismo

Ser sensível e expor sentimentos não impede nenhuma mulher de buscar o topo. Ter filhos, muito menos. Para Luiza Helena Trajano, 64, presidente do Magazine Luiza, vários tabus se colocam no caminho das mulheres empreendedoras, mas é preciso superá-los. Dona de uma rede de 744 lojas no Brasil, ela emprega 24 mil funcionários. Em 2013, a empresa faturou R$ 9,7 bilhões.

"Na empresa, eu choro, tenho chilique, sigo minha intuição. Não quero ser masculina. Às vezes, meus diretores não entendem algumas das minhas decisões, mas eu os convenço e sigo minha intuição, que não falha."

Trajano, que é referência em empreendedorismo, especialmente para mulheres, falou a uma plateia de 440 mulheres durante o Fórum Empreendedoras, realizado pela Rede Mulher Empreendedora, em São Paulo, na quarta-feira (3). Os principais assuntos foram gestão, liderança, características femininas e equilíbrio entre negócios e família.

Segundo ela, ter filhos também não deve ser obstáculo para a veia empreendedora. Filhos são exímios em cutucar as feridas de culpa da mãe, diz. "Não se apegue a essa culpa. O importante é se conhecer, saber onde quer chegar e estar disposta a pagar os preços por isso. Não é possível ganhar de todos os lados", declarou.

À frente da empresa da família desde 1991, ela conta que precisou abrir mão de algumas coisas importantes, como ser mais presente na vida dos filhos –ela tem três–, para fazer o negócio prosperar.

"Eu nasci em uma família de empreendedoras. Minha tia, que fundou a companhia, sempre acreditou na força do trabalho. Aos 12 anos, eu queria dar presentes para as amigas, e minha mãe falou que só se eu trabalhasse como vendedora na loja da família durante as férias. Lá fui eu, fiz um dinheirinho e descobri meu talento: ser vendedora", afirma.

Defensora das cotas para aumentar a participação feminina em áreas como os conselhos de administração das empresas, ela lidera o grupo Mulheres do Brasil, que reúne 120 executivas e empreendedoras de todas as partes do país em encontros mensais que discutem questões ligadas ao universo feminino.

Para ela, as empresas estão mudando de perfil, deixando de ser mecânicas, em que o foco está no lucro e as pessoas são facilmente substituíveis, para serem organismos vivos, ou seja, com foco nas pessoas e em resultados obtidos com respeito à ética e aos valores humanos. "As mulheres têm características que combinam muito bem com este novo tipo de empresa", declara.

Confira abaixo as dicas de Luiza Trajano para empreendedoras:

Tenha uma administração feminina
"Na empresa, eu choro, tenho chilique, sigo minha intuição. N&aatilde;o quero ser masculina. Às vezes, meus diretores não entendem algumas das minhas decisões, mas eu os convenço e sigo minha intuição, que não falha."

Peça ajuda
"Não tenha medo de assumir que não sabe determinada coisa. Converse com a equipe, peça ajuda. Mulheres não têm medo de perguntar e isso é ótimo."

Extraia o melhor das pessoas
"Lidar com pessoas não é difícil, basta tirar o melhor delas e trabalhar em cima disso. O bom líder leva as pessoas mais longe do que elas acham que podem ir."

Seja autêntico
"Este é um conselho que dei para o meu filho quando ele conseguiu seu primeiro emprego: seja sempre você mesmo, nunca omita a verdade. Eu luto para não perder minha essência: sou mulher, de origem simples, do interior. Eu não coloco a casca de presidente da empresa no trabalho, porque, quando eu tirá-la, o que vai sobrar?"

Se a empresa vai mal, a culpa é do alto escalão
"Uma ordem só não é cumprida quando não é bem dada ou quando falta autoridade. A culpa é da direção, é do gestor, não adianta responsabilizar quem está abaixo."

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