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Crise afeta pequenas e médias empresas e faturamento cai 11,9%, aponta Sebrae

Queda é referente à agosto de 2015 em comparação com mesmo mês de 2015, dados são do Sebrae

A recessão econômica tem atingido com mais força o caixa das micro e pequenas empresas paulistas. Em agosto, o faturamento real (descontada a inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor) desses negócios caiu 11,9% na comparação com igual mês de 2014. Esta foi a oitava queda consecutiva, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP.

As pequenas empresas faturaram R$ 46,2 bilhões em agosto, o que corresponde a R$ 6,2 bilhões a menos do que o apurado no mesmo mês do ano passado. No acumulado deste ano, a retração foi de 11,2% em relação ao mesmo intervalo de 2014.

A pesquisa mostra que esse recuo de dois dígitos foi influenciado pela queda na receita do setor de serviços, que foi de 20,3% sobre agosto do ano passado.

O resultado foi puxado pela redução da demanda por serviços prestados a empresas. De acordo com o Sebrae-SP, foi o maior recuo mensal acumulado em 12 meses para a receita das pequenas empresas de serviços desde maio de 2002.

"Naquele ano, tínhamos acabado de sair de um racionamento de energia elétrica e a inflação estava elevada e com oscilação cambial abrupta por causa da moratória da Argentina. Havia um quadro de incerteza forte, como o que existe hoje", afirma Marcelo Moreira, coordenador da área de pesquisas do Sebrae-SP.

Ele avalia que o setor de serviços conseguiu resistir por um bom tempo a esse cenário adverso, no qual predomina a queda do consumo.

O segundo setor que mais registrou perdas foi a indústria, com queda de 11% no faturamento em agosto sobre igual mês de 2014.

Nesse mesmo período, a receita do comércio recuou 3,8%. A pesquisa mostra que o desempenho do setor não foi pior por causa da base fraca de comparação. Em agosto de 2014, o faturamento real das micro e pequenas varejistas havia caído 16,6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

A retração em serviços levou o faturamento das empresas da Região Metropolitana de São Paulo para baixo. O recuo nessa região do Estado foi de 16,6% em agosto ante o mesmo mês do ano passado. Só não foi maior do que no município de São Paulo, onde a crise está forte e levou a uma redução de 22,3% no faturamento das empresas.

Nas pequenas empresas do Grande ABC e do Interior, houve retração de 11,7% e de 6,8%, respectivamente.

"2015 pode ser considerado um ano perdido para as micro e pequenas empresas. O setor de serviços foi o último a cair, mas a crise já estava instalada na indústria e no comércio. O que aconselhamos nesse cenário é que o empreendedor sobreviva e fique atento às oportunidades e mudanças de cenário em 2016, para decidir os rumos de seu negócio", conclui.

Expectativas negativas

A crise já fez as micro e pequenas empresas do Estado a reduzir as folhas de salários em 1,3%, em termos reais. O rendimento médio dos empregados encolheu 1,7% de janeiro a agosto deste ano sobre igual período de 2014.

Por outro lado, nesse intervalo, houve aumento de 1,7% no total de pessoal ocupado nesses negócios – considerando sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados.

"Os pequenos podem trocar dois funcionários por um e trazer familiares para o negócio, de forma a reduzir o gasto", diz Moreira.

O levantamento feito com 2,7 mil proprietários de micro e pequenas empresas do Estado mostra que houve uma deterioração nas expectativas.

Em setembro, 60% deles disseram esperar que o faturamento da empresa fique estável nos próximos seis meses e apenas 20% esperam um aumento na receita nesse período. No ano passado, essa relação era de 56% e 28%, respectivamente.

A parcela dos que acham que a economia vai piorar chegou a 38% no último mês, ante 22% que tinham expectativa idêntica no ano passado.

“O cenário econômico atual é de incerteza, com inflação e desemprego em alta, queda no consumo e no faturamento dos pequenos negócios. Hoje, a preocupação de um dono de micro ou pequena empresa é manter-se vivo no mercado, e aguardar por oportunidades no mercado ou por uma melhora da economia no futuro. Nesse contexto, é importante manter uma boa gestão do empreendimento para conseguir contornar o mau momento”, afirmou em nota Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Fonte: Diário do Comércio