Home  > Notícias do Varejo  > Conciliação é alternativa rápida para divergências

Conciliação é alternativa rápida para divergências

Formas de conciliação e mediação de conflitos têm surgido com força para derrubar a cultura de que apenas brigas judiciais resolvem divergências.

CICconciliacao_0010

Seja nas redes sociais ou mesmo durante o jantar em família, é notório que o país passa por uma polarização e divergências de ideias. No entanto, na contramão deste movimento, têm ganhado força ações que visam amenizar conflitos, por meio de acordos e medidas conciliatórias.

Na Justiça, esse movimento está cada vez mais presente. Em Campinas, por exemplo, em março de 2015, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15) inaugurou o Centro Integrado de Conciliação (CIC) de 1º Grau. O resultado, na avaliação da juíza do Trabalho da 6ª Vara e responsável pelo CIC, Ana Cláudia Torres Vianna, tem sido positivo.

Em média, 40% dos processos são resolvidos mediante acordo. Em 2015, 114,8 mil ações foram encerradas deste modo, e neste ano, já são cerca de 48,9 mil no período de janeiro a maio. O local conta com 10 mesas espalhadas pelo espaço e realiza entre seis e oito audiências por dia, três vezes na semana, com a orientação de profissionais treinados e coordenação de Ana Cláudia.

A juíza, além disso, já incorporou até o uso do aplicativo WhatsApp nos procedimentos, facilitando a comunicação entre advogados, mediadores e juiz, uma ideia criativa que tem trazido significativos resultados.

“O CIC, além da conciliação, presta atendimento humanizado. Isso ajuda as partes a buscarem um acordo”, afirmou a juíza. Ela também ressaltou a importância de buscar a conciliação ao invés de arrastar processos judiciais. “Encerrar um processo mediante trato elimina anos de trâmite, desgastes e custos para todos, inclusive para o Estado. Na conciliação, a decisão é tomada pelas partes, em um acordo que seja positivo para todos”.

Além da Trabalhista, em outros setores como as varas Cível e Familiar, há possibilidades de conciliação. De acordo com dados do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), em média, 56% dos processos que chegam ao Centros Judiciários de Soluções de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) terminam em acordo.

Em 2015, dos 245,1 mil processos, 137,8 mil foram finalizados com mediação. Segundo o TJ, as causas com conciliação são as ligadas aos assuntos como direito do consumidor, cobrança, regulamentação ou dissolução de união estável, guarda e pensão alimentícia entre outros.

Para Antonio Gonzalez conciliador do Fórum Regional da Vila Mimosa, em Campinas, nos últimos anos as pessoas têm recorrido cada vez mais à conciliação. Ele afirma que, quando bem instruída, as partes envolvidas optam por esse meio. “Orientamos a conversarem para que deixem as mágoas de lado”.


Empresa faz mediação e evita processos judiciais

ArbicampConciliacao_0062xxxx
Proprietária da Arbicamp, Ivânia Camargo, afirma que conciliação ainda é um desafio. Foto: Adriano Rosa

Maria de Lourdes Machado foi mediadora por 10 anos da Câmara de Mediação e Arbitragem de Campinas (Arbicamp), empresa que presta serviço de mediação, à qual pessoas físicas ou jurídicas com algum tipo de conflito podem recorrer para tentar um acordo extrajudicial.

Ela lembra-se de muitos casos que referendam a teoria de que conciliar ainda é o melhor negócio. Foram centenas de casos nestes anos, como pequenos acidentes de trânsito e inadimplência, que puderam ser resolvidos em menos de um mês, sem acionar a Justiça.

“Uma vez atendemos um mercado de bairro que tinha vários clientes inadimplentes. A cobrança por telefone não funcionava, até que o proprietário pediu ajuda e esse conflito foi resolvido sem se arrastar na Justiça”, relembra.

Hoje, com uma média de 10 processos por mês, a proprietária da Arbicamp, Ivânia Camargo, afirma que a conciliação ainda é um desafio no Brasil. “As pessoas ainda têm esse preconceito de que não vão resolver os conflitos sem o Judiciário. Pelo contrário, não há necessidade alguma de levar à Justiça casos pequenos”, afirma.

Em uma câmara, como a Arbicamp, basicamente as partes procuram uma forma de chegar a um acordo mediante o trabalho de mediação e apoio de um profissional capacitado. Para isso, a presença de um advogado é opcional, reduzindo custos para si e para o Estado, além de evitar embates.

Para Ivânia, o Novo Código de Processo Civil, que entrou em vigor este ano e determina que a tentativa de conciliação e mediação seja obrigatória como etapa inicial do processo na Justiça, iniciará uma cultura diferente no Brasil com uma visão mais pacificadora dos conflitos. O objetivo é justamente estimular uma nova postura no país, mais pacífica e menos litigiosa. “Neste ano, já sentimos a mudança e percebemos um aumento da demanda de pessoas que nos procuram em busca de um acordo. Acredito que essa tendência venha para ficar”.


Impasse trabalhista foi resolvido por meio do WhatsApp

Luiz Augusto Coutinho encerrou processo judicial por meio do Whats App. Foto: Adriano Rosa
Luiz Augusto Coutinho encerrou processo judicial por meio do Whats App. Foto: Adriano Rosa

O corretor de imóveis Luiz Augusto Coutinho, de 34 anos, encerrou seu processo na Justiça do Trabalho, em Campinas, tendo como aliado o aplicativo WhatsApp. Ele entrou com o processo após ser demitido de uma autoescola e depois de seis meses já havia encerrado a ação mediante conciliação.

Nos trâmites normais, esse tempo seria o suficiente apenas para a realização da 1ª audiência. “Foi positivo, pois sabia da situação financeira grave da empresa e foi mais vantajoso encerrar o processo e evitar desgastes”, afirmou.

Sem chegar a um consenso na 1ª audiência, os advogados das duas partes passaram a usar o WhatsApp. O grupo, criado e que levava o nome do processo, contava com a presença virtual de um mediador e a supervisão da juíza do Trabalho e responsável pelo Centro Integrado de Conciliação (CIC), Ana Cláudia Torres Vianna. Uma proposta aqui, outra ali, até que a empresa e trabalhador chegaram a um acordo.

Para formalizar, as partes gravaram um vídeo onde confirmaram a decisão. A advogada trabalhista Thaís Proença Camargo, afirma que o uso do aplicativo está sendo muito vantajoso. “Reduziu a burocracia, além de facilitar acordos, longe uma da outra, as partes se sentem mais à vontade para negociar, pensar sobre propostas em um clima de menos formalidade e mais amigável”.

A reportagem foi publicada na edição 38 do Nosso Varejo. Para ler a edição completa, clique aqui

Assessoria de Imprensa Sindivarejista (imprensa@sindivarejistacampinas.org.br)
Bruna Mozer e Luciana Félix – (19) 3775-5560
bruna.mozer@sindivarejistacampinas.org.br ; luciana.felix@sindivarejistacampinas.org.br