Mesmo diante da crise e queda nas vendas, comerciantes consideram que resultado foi positivo, mesmo com as vendas ficando abaixo de um dia normal
A instabilidade da economia e ameaça de recessão fizeram os consumidores tirarem o pé neste ano. A cautela da população trouxe prejuízos ao comércio varejista, que acumula queda de vendas e aumento da inadimplência em 2015. Para tentar minimizar os efeitos da crise e retomar as vendas, o comércio de rua de Campinas abriu as portas nesta terça-feira (21), feriado de Tiradentes, das 8h às 17h, a fim de atrair os consumidores que não trabalharam durante o feriado prolongado.
Vitrines anunciam descontos e promoções para superar a concorrência e minimizar as baixas. De acordo com balanço da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), nos três primeiros meses do ano o faturamento do comércio foi de R$ 3,02 bilhões, 0,8% inferior ao primeiro trimestre do ano passado (R$ 3,048 bilhões) e o pior desde 2010.
Aproveitando a oportunidade
Com o movimento baixo, os lojistas não querem desperdiçar nenhuma oportunidade de aumentar os lucros. Segundo o economista da entidade, Laerte Martins, apesar de o faturamento não ser o mesmo dos dias normais, a decisão de abrir as portas em feriados é vantajosa. "O varejo de Campinas, entre comércio e serviços, fatura, em média, R$ 37 milhões por dia. Abrir em feriados não repõe todo esse volume, mas atinge uma média de 63% de faturamento de um dia normal", afirmou Martins. Portanto, se a estimativa do economista se concretizar, entraram nos cofres dos lojistas, somente nesta terça-feira, R$ 23,3 milhões.
A presidente da Acic, Adriana Flosi, explicou que desde o início do ano já ficou definido quais feriados o comércio abriria as portas. Porém, ela reconhece que o baixo movimento das lojas neste ano certamente colaborou para que muitos lojistas optassem em trabalhar, uma vez que o funcionamento é facultativo.
"Esta é uma data permitida e a abertura já estava programado desde o início do ano. Mas temos uma expectativa que mais lojas abriram, porque é uma oportunidade de vendas. Tivemos excelente movimento por causa do feriado prolongado e dia 20 foi dia de ‘vale’. Sábado foi espetacular e mostra que o pessoal que emendou o feriado aproveitou para antecipar o Dia das Mães", disse.
Saiu no lucro
"Ganha tanto o comerciante, que tem a oportunidade de realizar mais vendas, quanto o consumidor, que garante algumas horas a mais de compra", acrescenta.
Para Adriana, embora as vendas do feriado não sejam equiparadas às de um dia normal, o comerciante que decidiu trabalhar seguramente saiu no lucro. "Melhora o resultado, com certeza. Ajuda a compor o faturamento no final do mês".
A presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região (Sindivarejista), Sanae Murayama Saito, diz que as vendas no feriado colaboram para que os lojistas fechem as contas no final do mês. O Dia dos Mães, que será comemorado em cerca de 20 dias, ampliou a presença do consumidor no feriado. "Ajuda porque as despesas do dia a dia são fixas, vendendo ou não. Está todo mundo assustado com o aumento do combustível e energia. Mas o Dia das Mães está próximo, está todo mundo de folga e aproveita para pesquisar o presente", lembra.
Resultado positivo
Gerente da Principal Calçados, no calçadão da Treze de Maio, Marcos Alberto Lopes não se arrependeu por ter aberto as portas e garantiu que o movimento foi positivo. "Não é um dia que arrebenta de vendas, mas vende, não tem porque ficar fechado. Aproveitamos quem não foi viajar e está de folga. Valeu a pena sim, fizemos boas vendas", festejou.
O metalúrgico Jhonathan Mendes, de 28 anos, é um dos consumidores que aproveitou a folga para passar pelo comércio central. Segundo ele, pesou o fato de o movimento ser inferior ao sábado. "Ajuda para quem não trabalhou e o movimento é um pouco mais sossegado. Vim direto comprar um presente de casamento e consegui desconto porque estava na promoção. Mas não está fácil", disse.
Fonte: Correio Popular