Home  > Notícias do Varejo  > Em sete meses, varejo elimina mais empregos do que no mesmo período dos três anos anteriores juntos

Em sete meses, varejo elimina mais empregos do que no mesmo período dos três anos anteriores juntos

De janeiro a julho de 2020, comércio varejista fechou 114.359 vagas formais de trabalho

Fortemente impactado pela pandemia de coronavírus, o comércio varejista do Estado perdeu 114.359 empregos formais de janeiro a julho de 2020, recorde negativo para o período. Com isso, o número de trabalhadores no setor caiu 6% em relação a dezembro do ano passado.

Apesar de os sete primeiros meses do ano registrarem saldo negativo desde 2013, a eliminação de postos de trabalho acumulada neste ano é maior do que as dos últimos três anos somadas no mesmo período, quando foram registrados resultados negativos de 27.742 (2019), 32.647 (2018) e 27.768 (2017).

Os dados são de um estudo da Fecomercio, com base em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O levantamento avalia 35 atividades do varejo, das quais apenas uma – o setor hortifrutigranjeiro – registrou saldo positivo no período, com a criação de 406 postos de trabalho.

Por outro lado, entre as atividades com maiores perdas de vagas, estão os segmentos de vestuário e acessórios (-33.918), calçados e artigos de viagem (-11.325) e padaria, laticínio e doces (-8.985).

Avaliação dos resultados

A FecomercioSP considera os resultados preocupantes, tendo em vista que, com a eliminação de 114.359 empregos formais em sete meses, o estoque de empregados no varejo paulista retrocedeu ao patamar registrado no segundo semestre de 2012. Na capital, o mercado de trabalho voltou ao nível de agosto de 2011.

As reduções do consumo e da confiança das famílias e os efeitos da quarentena, instituída com intuito de retardar a proliferação do coronavírus no território paulista, impactaram fortemente o comércio varejista, em especial atividades como as de vestuário e de calçados.

Da mesma forma, a redução brusca do fluxo populacional em circulação repercutiu nas vendas e no mercado de trabalho de padarias e estabelecimentos similares.

O estudo mostra que, em todo o Estado de São Paulo, apenas o segmento hortifrutigranjeiro registrou mais contratações do que demissões nos sete primeiros meses do ano. Desse modo, mesmo as atividades do setor essencial (farmácias e supermercados), que puderam atender presencialmente durante a quarentena, registraram saldo negativo no número de funcionários de janeiro a julho de 2020.

Perspectivas e recomendações

Apesar dos dados negativos, é possível notar que o pior momento já passou – os fechamentos de postos de trabalho atingiram o pico entre março e maio. Em julho, o comércio varejista paulista registrou mais admissões do que demissões, com saldo de 4.555 novas vagas.

Em razão da reabertura gradual dos estabelecimentos conforme o Plano São Paulo, a tendência para os meses seguintes é de o varejo manter saldos positivos na criação de empregos.

A orientação é que, antes de contratar um novo funcionário, o empreendedor leve em conta a necessidade de mão de obra e a capacidade financeira da empresa, tendo em vista os custos inerentes à admissão de empregados, como o processo de seleção, o treinamento e, eventualmente, a demissão.

Vale lembrar que, durante o estado de calamidade pública, previsto para durar até o fim de 2020, as empresas podem recontratar funcionários demitidos sem justa causa no prazo de 90 dias. Desde que restabelecidas as condições do vínculo rompido, a recontratação não será considerada fraudulenta.

Além disso, em decorrência da restrição do horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais, o empreendedor pode considerar contratar funcionários em jornada parcial (cuja duração não excede 30 horas semanais), adotar o trabalho intermitente ou até mesmo recorrer ao trabalho temporário. É recomendável consultar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria para admitir empregados em regimes diferenciados.

Fonte: Fecomercio