Pequeno empresário terá de descobrir, de acordo com o seu ramo de atuação, qual sua própria inflação, que muitas vezes pode não ser a mais alta nem a mais baixa
O dragão da inflação está solto neste ano, com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 8,13% no acumulado de 12 meses até março. O que puxou o índice para cima foi o aumento da tarifa de energia elétrica, que atinge a todos. No entanto, a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços –Mercado), está mais comportada, ou 3,16% no mesmo período.
Por isso, o pequeno empresário terá de descobrir, de acordo com o seu ramo de atuação, qual é a sua própria inflação, que muitas vezes pode não ser a mais alta nem a mais baixa.
O empreendedor não poderá escapar da missão de revisar os preços de seus produtos e serviços. Isso porque não basta só subir sem critério, porque perderá cliente e, pior, ficará estocado. E se baixar demais, para tirar o consumidor do concorrente, pode ficar sem caixa e sucumbir.
Especialistas dizem que, dependendo de como o empresário faz a gestão dos preços, a tarefa pode ser mais ou menos árdua. "Quem forma preços com base apenas no feeling, naquela ideia do paguei R$ 10 e vou revender por R$ 20, sem critérios específicos, terá de colocar tudo na ponta do lápis. Isso dá mais trabalho, mas só assim ele saberá se o produto ou serviço que vende, na quantidade e preço, são rentáveis ao negócio", explica João Carlos Natal, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo).
Quem ignora isso, explica Natal, pode entrar em uma guerra de preços com a concorrência e prejudicar as finanças do próprio negócio. "Quem não conhece a estrutura do preço de venda e entra na guerra de preços pode quebrar. Os sinais que mostram que a saúde financeira não está boa são a necessidade constante de antecipar recebíveis e não conseguir repor a mercadoria que vendeu", diz o consultor.
Ele afirma que este é o momento certo de reorganizar a estrutura dos preços, já que nos momentos de crise o que diferencia um pequeno empresário de outro é a gestão financeira.
"A crise serve para limpar o mercado e, depois, só ficam aqueles que fizeram uma boa gestão. O empresário não pode olhar para o seu negócio como se observasse o próprio holerite. O bom da crise é que, se várias empresas quebram, outras vão vender mais", afirma.
Maurício Galhardo, sócio-diretor da Praxis Business, consultoria que assessora a gestão financeira de franquias e varejo, diz que algumas teorias devem ser lembradas, como a de gestão de categorias, que consiste em selecionar bem o tipo de produto que terá aumento de preço.
Ele também recomenda buscar a diferenciação, seja no produto, no atendimento ao cliente como forma de manter não só o preço, mas o consumidor sempre por perto. "Este ano é o momento de fazer muito mais para ganhar a mesma coisa", diz.
Fonte: Diário do Comércio