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Grupos locais de varejo predominam nos países da América Latina

Matéria da Folha de S. Paulo, do dia 5 de março, mostra força do varejo local

(Carolina Matos, Folha de S. Paulo)
As redes internacionais, como Walmart e Carrefour, que dominam o varejo em países como os EUA, ainda representam pouco no mercado da América Latina.

Estudo da empresa de informações sobre consumo Kantar Worldpanel, antecipado para a Folha, mostra que esses grandes grupos somam apenas 13% de participação no mercado varejista latino-americano.

Já as lojas e redes locais -próprias de cada um dos 15 países avaliados- chegam a 84%. Os 3% restantes ficam com a rede regional da América Latina Cencosud.
No mercado brasileiro, as redes internacionais ficam com 12,2%, o grupo regional (Cencosud), com 0,3%, e os locais, com 87,5%.

Nos Estados Unidos, as grandes redes detêm cerca de 80% do mercado, de acordo com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). E, na Europa, 45%.

Argentina e Chile são exceções na América Latina, com fatia de 45% do varejo com as empresas internacionais.

"Nesses dois países, historicamente, a economia e o consumo se desenvolveram mais rápido", diz Fátima Merlin, diretora de varejo da Kantar Worldpanel. "Mesmo a Argentina tendo entrado em crise mais recentemente, as redes já estavam estabelecidas por lá", completa.

Já no Brasil, dificuldades de infraestrutura, como estradas, que encarecem a distribuição dos produtos, e os hábitos de consumo das classes com menor poder aquisitivo são apontados como desafios aos estrangeiros.

"Cerca de 60% do consumo das classes D e E (com renda familiar mensal até quatro salários mínimos, pelos critérios da pesquisa) é feito fora de híper e supermercados, em lojas menores e mercadinhos."

Custos trabalhistas

Renato Prado, analista da Fator Corretora, também destaca os altos custos tributários e trabalhistas no Brasil como limitadores da expansão das grandes redes.
"No Chile, por exemplo, a estrutura trabalhista é bem mais flexível", diz. "Assim, mesmo existindo potencial de consumo no Brasil, com uma grande classe média e desemprego em queda, é preciso equacionar os custos de produção, que são elevados e têm muito impacto na atividade varejista."

A CNDL ressalta a concentração das redes nos centros urbanos, com falta de concorrência nos mercados menos desenvolvidos do país.

"Nas grandes capitais, predomina a concentração de renda, o que atrai a atenção das redes", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL. "Já em localidades mais afastadas, principalmente cidades do interior, a falta de infraestrutura para uma logística eficiente é um desestímulo ao investimento privado", completa.

Fonte: Folha de S. Paulo