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Juros afetam mais as pequenas empresas

Se para quem compra nas lojas o custo do dinheiro encarece o crediário, os empresários sofrem com a dificuldade de acessar recursos para girar as firmas

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Os juros nas operações bancárias e no comércio assustam consumidores e empresas. Se para quem compra nas lojas o custo do dinheiro encarece o crediário, os empresários sofrem com a dificuldade de acessar recursos para girar as firmas. Em agosto, os juros médios em operações como o desconto de duplicata chegaram a 42,58% ao ano, que representou 3% ao mês. As pequenas empresas são as mais afetadas por taxas tão elevadas.

Pesquisa da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostrou que o desconto de duplicata está quase quatro pontos percentuais acima de agosto do ano passado. Em 2013, o patamar era de 38,64% ao ano, que significa 2,76% ao mês. A elevação das taxas está atrelada à subida da Selic, que passou de 9% ao ano em agosto do ano passado para 11% ao ano em 2014. Na ponta, a política do Banco Central de segurar a inflação com os juros faz vítimas.

O microempresário da área de serviços, João Paulo Silva, afirmou que tem uma dívida de R$ 30 mil há mais de seis meses. "Precisei de um empréstimo para manter a empresa em pé e acabei me endividando. Os pequenos empresários sofrem com as elevadas taxas de juros e não há negociação com os bancos. Comecei a vender bens pessoais para reduzir a dívida com a instituição financeira e parar de pagar juros tão abusivos", comentou.

O proprietário da Lunerdi Bicicletas, Edson Roberto Lunardi, disse que tenta evitar o uso de financiamento nos bancos para movimentar a empresa. "O custo do dinheiro é muito elevado no Brasil. Um sinal de que a situação está complicada é que os bancos estão ligando para oferecer serviços como antecipação dos pagamentos do cartão de crédito", afirmou.

A gerente da Camp Flores, Daniela Erbolato, contou que a empresa reduziu custos para evitar tomar empréstimos bancários e também para manter as contas em dia. "Demitimos três funcionários dos sete que tínhamos em nosso quadro. O ano está muito ruim. A demanda caiu e não há sinais de melhora. Inicialmente, o declínio nas vendas era justificado em decorrência da diminuição do movimento na Copa do Mundo. Agora, a culpa é a eleição. A verdade é que os consumidores estão sem dinheiro", afirmou. Ela comentou que a família usa economias pessoais para evitar empréstimos bancários.

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