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Lojas de Vinhedo usam placas para espantar políticos

A intenção do grupo Vigilantes do Centro é tirar candidatos das lojas e leva-los para a praça para que assuma ali um compromisso público que possa ser cobrado caso sejam eleitos.

pulemnossaporta“Políticos, estamos trabalhando, pulem a nossa porta”. Esse é o recado que dezenas de comerciantes de Vinhedo estão passando aos candidatos que ameaçam entrar em suas lojas nessa época de campanha. A colagem de adesivos que visa repelir a aproximação começou há duas semanas e ganha cada dia mais adeptos na região central.

A intenção do grupo, chamado Vigilantes do Centro, é “tirar” das lojas e levar para a praça pública qualquer candidato — seja para prefeito ou vereador — e dele tirar um compromisso público que possa ser cobrado caso sejam eleitos.

A Avenida Nove de Julho e demais vias centrais concentram a maior parte das 40 lojas que aderiram à campanha. “Para aqueles candidatos que vêm fazer a mesma política que a gente está vivendo, de conchavos, não esperamos nada deles. Se querem mostrar que são dignos, a gente quer tirar daqui e leva-los em praça pública. Queremos o político sendo ouvido diante de um movimento popular plebiscitário”, disse o empresário Felipe Capovilla, de 28 anos, membro do grupo e um dos idealizadores da campanha.

O recado do jovem é semelhante ao da gerente Tatiane Fernandes. “Nessa época vem muitos políticos na loja. Todos com o mesmo papo, e a gente com um sorriso amarelo no rosto, e tendo que atender a clientela. Passam quatro anos sem trazer qualquer melhoria para o comércio em geral e de repente aparecem na porta”, expõe a gerente.

A manifestação através dos adesivos foi classificada pelo próprio Capovilla como um “ato de desobediência civil”, mas com o intuito de impactar e mostrar o descontentamento com a classe política. “Vamos elaborar a pauta de reivindicações e convidar os candidatos a exporem suas propostas em praça pública. Se quisermos construir um País melhor temos que começar a cobrar dos políticos propostas efetivas e que mostrem por que querem ocupar uma função pública”, enfatizou.

Outros lojistas não aderiram a campanha por avaliarem que a medida pode trazer prejuízos financeiros. No caso de um restaurante, o proprietário, que preferiu não se identificar, um adesivo desses na porta pode afastar o candidato que eventualmente for almoçar. “Tento manter a minha política, a da boa vizinhança. Acho a campanha válida, mas no momento prefiro não aderir”, disse.

De acordo com Capovilla, a Associação Comercial e Industrial de Vinhedo (Acivi) teria considerado a campanha como uma “pirotecnia”, e que de maneira política se esquivou da polêmica. A direção da associação foi procurada pela reportagem na manhã desta terça-feira, solicitando entrevista com o seu presidente Edvaldo Piva, mas até o fechamento não houve retorno.

Revolta
A iniciativa dos adesivos foi em consequência a uma série de episódios recentes que ocorreram no Centro, e que geraram revolta dos comerciantes com o poder público. A mudança no sentido do tráfego na Avenida Nove de Julho foi um dos primeiros motivos que desagradou os comerciantes. Segundo eles, não houve consulta prévia sobre a medida.

Já no início de agosto funcionou durante uma semana e meia uma “feira da madrugada”. O grupo Vigilantes do Centro consegui a assinatura de 102 comerciantes e o pedido de impugnação foi acolhido pelo procurador do município. “O adesivo veio para recuperar o nosso brio e mostrar nosso descontentamento com esses episódios”, acrescentou Capovilla.

Candidato monta escritório em praça e apoia iniciativa
Candidato pela primeira vez, Getúlio de Souza, ou Getúlio da Farmácia foi o único candidato que fazia se mostrar em praça pública, na manhã de ontem no Centro de Vinhedo. Proprietário de farmácia, disse que não recebeu o adesivo da campanha, supondo que saibam da sua candidatura. “O movimento é por que as pessoas estão revoltadas com a situação. Na época da política aparece sempre alguém querendo fazer uma coisa”, disse. O candidato montou um “escritório” com mesa e duas cadeiras no centro da Praça Sant’Ana, longe das vitrines. “Acho importante o povo participar. Temos que criar diálogos e situações para as coisas melhorarem, e apoio o projeto deles”. O candidato também considera que haja envolvimento político partidário da associação que representa os comerciantes, e que, na visão dele prejudica o comércio.

Em um trecho da nota publicada em seu portal, a Acivi salienta que manterá “sua constante vigilância e pró-atividade na fiscalização ante toda e qualquer atividade que possua qualquer indício de irregularidade, garantindo que seus associados e o comércio de Vinhedo não sofram, ainda mais, com as perversas consequências desta crise que assola nosso País, inclusive adotando todas as medidas jurídicas cabíveis e, atuando junto aos órgãos fiscalizadores competentes para tutelar o interesse comercial e industrial de Vinhedo”.

Fonte: Correio