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Nem as lembrancinhas de Natal devem salvar o varejo popular

Em cenário difícil, conquista o cliente o lojista que conseguir oferecer menor preço; para isso, vale aproveitar estoques do ano passado e negociação de coleções antigas com a indústria

Nem as vendas das ‘lembrancinhas’ de Natal devem salvar o varejo popular este ano. Com a alta do dólar e economia fraca, o comércio de alguns itens tiveram recuo de até 40%. Para tentar driblar um final de ano amargo, empresas do ramo apostam na venda de estoque com descontos e renegociação com a indústria para compra de coleções passadas.

Os comerciantes de tradicionais redutos de comércio popular de São Paulo, como a Rua 25 de Março e a região da Santa Ifigênia, por exemplo, esperam conseguir terminar o ano pelo menos empatados com os resultados de 2014 e pagar as despesas de fim de ano, como o 13º sala´rio. Segundo dados da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), a queda das vendas na região foi de 20% neste ano.

Uma amostra desse cenário desafiador é a loja de tecidos São Jorge, localizada na Rua 25 de Março, desde 1969. “Estamos vivendo um momento de incertezas e a única expectativa é conseguir alinhar com os resultados de 2014, mas pelo visto não vamos conseguir”, diz o gerente, José Natal Fôlego.

O executivo explica que uma das consequências da alta do dólar é a falta de produtos nas prateleiras, como é o caso de um dos tecidos mais procurados na loja, o cetim azul bebê, que já esta em fata. Segundo ele, alguns produtos também tiveram um aumento de 15% a 20% no preço cobrado. “90% dos artigos que trabalhamos são importados. Com a alta do dólar, quando o fornecedor chega ao porto ele nem desembarca a mercadoria, os produtos ficam muito caros e não é vantajoso para ele e nem para nós”, desabafa.

Incertezas

Quem também está um pouco otimista com um bom desempenho das vendas de fim de ano é o presidente da Câmara dos Lojistas da Santa Ifigência (CDL), Joseph Hanna Fares Riachi. “O que temos é uma grande incerteza. Mesmo que tenhamos resultados semelhantes a 2014, estamos perdendo com a desvalorização cambial e com a inflação. Estamos trabalhando para manter o equilíbrio das contas”, disse.

Riachi comenta ainda que produtos como sons profissionais e materiais elétricos tiveram uma grande queda de 40% este ano. Entretanto, as vendas das lâmpadas de LED aumentaram de 30% a 50%.

Os itens de segurança também são muito procurados durante o fim de ano, pelas pessoas que viajam nas férias de  janeiro, explicou.

Estratégias

Para conseguir manter o ritmo de vendas, com apelo dos descontos, uma das estratégias dos lojistas tem sido a venda de estoques remanescentes do Natal passado. “Esse é o caso de alguns artigos natalinos, em que os descontos chegam até 30%”, explicou a assessora executiva da Univinco, Cláudia Hurias. A expectativa da entidade é que as vendas de fim de ano cresçam em torno de 5% em relação a 2014, número que fica abaixo da inflação medida pelo IPCA, que atingiu 8,1% no acumulado do ano até setembro.

Quem aposta na venda de estoque no ano passado para conseguir empatar com os resultados das vendas do ano passado é a loja Semaan. “Estamos garimpando melhor o estoque para conceder descontos. Conseguimos oferecer uma redução de até 30% em alguns produtos”, diz o diretor comercial da rede, Marcelo Mouawad, lembrando que o valor da compra deste ano foi menor que ano passado.

Outra estratégia da Semaan para oferecer produtos mais baratos tem sido apostar  em coleções antigas. “Conseguimos coleções do ano passado de mochilas, por exemplo, com poucas diferenças das novas e que são 50% mais baratas”, disse.

Com uma expectativa mais otimista para as vendas de fim de ano, as lojas Armarinhos Fernando esperam crescer 5% frente a 2014. Para tanto, a estratégia é investir em atendimento. De acordo com o gerente geral do Armarinhos Ferando, Odomar Ferreira, este ano, serão 20 temporários, seis a mais que o ano passado.

Contraponto

Para o proprietário da carioca Primu´s Rio, Celso Coerdeiro, o momento ruim da economia brasileira pode favorecer o mercado popular. “A expectativa é a melhor de todas porque esse é o Natal do popular. As pessoas vão deixar de compras em shopping para ir à região do Saara comprar com a gente pela metade do preço”, diz.

A expectativa é de um aumento de 20% no faturamento de dezembro, frente ao mesmo período de 2014. A empresa também aumentou o estoque em 20% para a data, além de contratar 50 temporários.

O executivo explicou ainda não ter sentido a alta do dólar, pois as compras foram feitas no início do ano. Assim, diz Cordeiro, todos os produtos nacionais, com exceção dos eletrónicos, estão com preço competitivo e possuem boa qualidade. “As bonecas brasileiras, por exemplo, são infinitamente melhores que as importadas”, comentou.

Fonte: DCI