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No comércio de Campinas e da RMC, tudo continua bem mal. Confira os indicadores

A queda nas vendas no varejo de Campinas foi de 3,36% em relação ao ano passado e o faturamento ficou em R$ 948,1 milhões, ou 2,5% a menos no período

Mais uma vez, os dados do comércio campineiro vieram desanimadores. A soma de fatores como menos dias úteis no mês de fevereiro por causa do Carnaval, inflação e juros em alta, arrocho na renda e inadimplência elevada provocou o pior resultado para o mês desde 2010.

A queda nas vendas no varejo de Campinas foi de 3,36% em relação ao ano passado e o faturamento ficou em R$ 948,1 milhões, ou 2,5% a menos no período.

A situação preocupa os comerciantes que recorrem às promoções, descontos e também a diversificação de produtos para tentar alavancar as vendas. Mas os consumidores são cada vez mais raros nas lojas – e quem aparece sempre pesquisa muito antes de comprar.

O quadro é apontado pelos lojistas como o pior dos últimos dez anos. A esperança é que os indicadores econômicos melhorem um pouco ainda neste ano, se os pacotes de ajustes do governo fizerem efeito.
Estudo mensal realizado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) mostra que houve queda tanto nas vendas à vista quanto nas transações a prazo. De acordo com a análise, as operações pagas de forma parcelada caíram 0,41% e as vendas quitadas no momento da compra despencaram 7,36% na comparação entre fevereiro deste ano e o mesmo mês de 2014.

O coordenador do departamento de Economia da Acic, Laerte Martins, afirmou que o resultado traduz o receio dos consumidores em gastar e o arrocho da renda dos trabalhadores.

"Um indicador que mostra claramente esse sentimento do consumidor é o índice de intenção de consumo das famílias divulgado mensalmente pela Fecomercio e que registrou uma retração de 0,4% frente a janeiro passado e de 13,7% no comparativo anual", ressaltou.

O economista comentou que o dado aponta a preocupação dos consumidores com a situação econômica do país e também revela o nível de endividamento dos trabalhadores. "A inadimplência em Campinas fechou fevereiro com alta de 15,37% em relação ao ano anterior. A quantidade de carnês sem pagamento subiu de 11.545 em 2014 para 13.320 neste ano. Se considerarmos os meses de janeiro e fevereiro, já temos 29.768 dívidas em atraso de mais de 30 dias no comércio campineiro", disse.

O calote na soma dos dois meses é de R$ 21,4 milhões. "Na avaliação dos últimos 12 meses, o prejuízo do varejo em Campinas com a falta de pagamento dos carnês chega a R$ 159,4 milhões. O começo do ano é sempre marcado pela alta da inadimplência. A grande incógnita é se isso vai se acentuar nos próximos meses. Dentro de um quadro já recessivo, uma elevação da inadimplência é péssimo", salientou.

RMC

O cenário na Região Metropolitana de Campinas (RMC) é o mesmo. As vendas diminuíram 3,31% em fevereiro sobre o mesmo mês de 2014 e o faturamento recuou 2,96%, para R$ 2,24 bilhões.
Martins afirmou que a inadimplência também subiu na região. "No primeiro bimestre, o calote chegou a R$ 51 milhões. Em 12 meses, o valor está em 379,5 milhões. No período o estoque de carnês vencidos há mais de 30 dias atinge 527.052 registros", apontou.

Não bastasse o mau momento da economia, comerciantes observaram que a crise política aprofunda ainda mais a insegurança dos consumidores.

"A conjuntura atual é complexa porque não se restringe à economia. As disputas políticas também contaminam os indicadores econômicos e impactam o crescimento do país", comentou Martins.
O comerciante de roupas femininas Alex Aro afirmou que há mais de dez anos não via um cenário tão ruim. "Antes, pelo menos 40 pessoas passavam todos os dias pela loja. Hoje quando entram 12, é muito. Estou diversificando os produtos com acessórios, para tentar melhorar as vendas", disse.

Rodrigo Miguel de Oliveira, gerente de uma óptica, disse que nem as promoções com 50% de desconto foram suficientes para animar os consumidores. "O movimento caiu demais e nem as promoções estão adiantando", comentou.


Fonte: Adriana Leite/ Correio Popular