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O Varejo segura a Economia, mas quem segura o Varejo?

Leia artigo da presidente do Sindivarejista, Sanae Murayama Saito, publicado no jornal Correio Popular sábado, dia 21 de julho

Artigo publicado no jornal Correio Popular – sábado (21 de julho)

Passamos da metade do ano e ainda não temos certeza se as medidas tomadas para impulsionar a Economia brasileira vão, de fato, contribuir para a elevação do PIB em 2012. Mas uma coisa já ficou muito clara no cenário nacional: assim como aconteceu em 2010, mais uma vez, o comércio será o porto seguro da estabilidade econômica.

O comércio varejista – que além de tudo exerce um papel institucional na vida do cidadão brasileiro, por estar muito presente no dia a dia e prestar serviços que nem sempre lhe são obrigatórios – tem hoje importância fundamental para o aquecimento da Economia. Entre 2009 e 2010, o varejo empregou 6,9 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), gerando mais empregos que os outros setores.

O varejo conseguiu contribuir para o crescimento também porque atendeu à demanda que veio com o aumento de crédito, de empregos, de benefícios como Bolsa Família e do crescimento da renda da população que antes não tinha acesso ao consumo.

Em 2010, o varejo cresceu 10,9%; e em 2011, 6,7%. A projeção para 2012 é de 8% de crescimento. Continuamos, portanto, refletindo o nosso vigor, a força que o varejo representa para a Economia e toda a sua importância dentro da sociedade.

Nosso crescimento proporcionou investimentos em grandes centros comerciais, atraiu investidores e gerou um otimismo generalizado. Neste contexto, quais as facilidades criadas para o empresário do comércio? Nenhuma, eu asseguro.

Tudo isso aconteceu, e continua acontecendo, sem que o governo direcione estímulos para o setor, ao contrário do que fez para os demais setores que têm força política e conseguem incentivos fiscais e toda sorte de facilidade. Para o comércio, o olhar continua sendo desfocado para a empresa.

E agora que todos avistam um período de recessão, e que temos à frente um processo eleitoral, mais uma vez só o que se fala é nas exigências em cima do comércio. No entanto, poucos lembram dos nossos direitos como empresários – falo dos pequenos empresários varejistas, que são a esmagadora maioria no País. Definitivamente, não podemos ter apenas deveres, adequações, obrigações e legislação a cumprir.

Por trás do bom desempenho do comércio, há um trabalho intenso e incessante, que gerou crescimento e emprego. Nosso lucro é mordido pelos impostos e exigências mil criadas para o setor. Os grandes conseguem achar suas saídas, cada qual à sua maneira, mas como ficam os pequenos varejistas?

O recorde de arrecadação da Receita Federal, registrado em abril, foi resultado das vendas no varejo, de acordo com avaliação do próprio governo. As pequenas empresas foram as principais responsáveis, porque historicamente os pequenos são sempre os melhores pagadores.

O discurso, portanto, precisa mudar. O comércio varejista, que não possui a mesma força política nem o mesmo apelo da indústria, precisa de governos que enxerguem a sua real importância no cenário econômico e social do País. Assim como precisa focar na realidade da maioria, em vez de olhar apenas os resultados dos grandes grupos. Em contrapartida, os pequenos empresários do varejo também precisam participar, atuar, cobrar, se qualificar e perceber, em última análise, o seu poder de alavancar uma sociedade inteira.

Sanae Murayama Saito, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região (Sindivarejista) com abrangência de 13 cidades e 40 mil representados. Formada em Estatística pela Unicamp, ex-Juíza Classista, varejista do Mercado Municipal de Campinas.

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