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Paulo Feldmann defende programa de apoio à pequena empresa

É praticamente um consenso entre os economistas que em 2012 estaremos atravessando um período de turbulência financeira que afetará negativamente a conjuntura econômica mundial. Apesar de nosso País ter se saído relativamente bem na crise, desta vez, as dificuldades serão maiores pois tudo indica que até a China, nosso maior comprador e parceiro em comércio […]

É praticamente um consenso entre os economistas que em 2012 estaremos atravessando um período de turbulência financeira que afetará negativamente a conjuntura econômica mundial. Apesar de nosso País ter se saído relativamente bem na crise, desta vez, as dificuldades serão maiores pois tudo indica que até a China, nosso maior comprador e parceiro em comércio exterior, será afetada com uma redução de seu PIB, o que estará acontecendo pela primeira vez em 20 anos.

Por outro lado, devido ao crescimento vegetativo de nossa população, o Brasil tem uma necessidade de criar cerca de 3,5 milhões de novos empregos por ano. Isso é possível e até relativamente fácil de ser feito em época de “vacas gordas”, quando a economia cresce e vai bem, mas como dissemos esta não será a situação do próximo ano. A grande maioria das empresas estará preocupada em reduzir custos e eliminar mão de obra. Uma forma inteligente para se resolver esse dilema é estimular a capacidade empreendedora do brasileiro dando-lhe condições de criar e manter seu próprio negocio, evitando que ele vá tentar se colocar como empregado nas grandes ou médias empresas.

Ou seja, a saída está no estímulo ao empreendedorismo apoiando e sustentando a criação de pequenos negócios pelo País afora. Capacidade empreendedora tem tudo a ver com pequenas empresas, pois o indivíduo que é dono de uma boa ideia se dirige ao mercado, em um primeiro momento criando a sua empresa. Está na hora de surgir no Brasil um verdadeiro programa de apoio à pequena empresa que não se limite a tímidas concessões fiscais, como as existentes na Lei do Simples.

Se existe um segmento empresarial que nunca teve apoio real neste País, este é o das micro e pequenas empresas. Apesar de serem 99,1% do total e gerarem 60% dos empregos, são responsáveis por apenas 20% do nosso PIB. Ou seja, elas não têm a menor importância no contexto da nossa economia.

Um bom exemplo vem do Reino Unido onde o governo determinou direcionar boa parte das obras e serviços para pequenas empresas. Foi criada uma legislação especial nesse sentido – o “small business act” – prevendo incentivos fiscais e linhas de crédito voltadas para esse fim, sem considerar que o poder de compra do Comitê Olímpico será canalizado para apoiar o segmento.

No Brasil, ao contrário de outros países, não se faz políticas públicas efetivas que privilegiem as pequenas. E não há razão mais importante que essa para explicar o seu fraco desempenho. A verdade é que quando não se age em favor dos pequenos quem acaba se dando bem é o grande: é a lei do mais forte. O ambiente empresarial brasileiro avançou muito nos últimos anos e essa é uma das razões pelas quais nosso País tem sido tão admirado nos círculos internacionais. Conseguimos construir um mercado consumidor expressivo que atrai multinacionais de todos os setores e países.

Agora é a hora de fortalecermos a pequena empresa brasileira. Como uma criança ou um jovem adolescente elas precisam de amparo até que cresçam e se tornem maduras. Ajudar a pequena empresa brasileira a ser inovadora facilita a realização de consórcios entre elas. Disseminar informações importantes que melhorem sua gestão são os fatores que vão criar as condições de superar sua crônica baixa produtividade. Só com um segmento de pequenas e micro empresas produtivo e competitivo poderemos enfrentar com sucesso a crise que se avizinha.

Paulo Feldmann é presidente do Conselho da Pequena Empresa da FecomercioSP, professor da FEA USP.

Artigo publicado na Revista Comércio e Serviços, Edição de número 17, pela Fecomercio.