Um novo olhar para as empresas familiares

by Luciana Felix | 22/05/2018 11:26

Uma pesquisa do Sebrae mostrou o potencial das empresas familiares no Brasil e como o varejo compõe este cenário: 38%  delas que têm sócios ou funcionários como parentes são do comércio. O setor perde apenas para a indústria, com 39%. O Nosso Varejo conversou com Marcelo Marinho Aidar, coordenador do curso Gestão de Empresa Familiar, do Programa de Educação Continuada da FGV, para saber quais são os principais desafios desse tipo de empresa.

A profissionalização (ou falta dela) ainda é um desafio para as empresas familiares?
Sim. Porém, quando os conflitos surgem, é muito comum as empresas acharem que a saída é demitir todos os familiares e contratar gente nova. Não é assim. É preciso que sejam criadas regras claras e que as pessoas tenham papéis definidos, de acordo com suas competências.

Marcelo Marinho Aidar, coordenador do curso Gestão de Empresa Familiar, da FGV. Foto: Arquivo pessoal

Quando é o momento de iniciar a sucessão?
Este não é um evento pontual. Esse processo, se bem feito, pode durar 10 anos. Pense numa corrida de revezamento em que o corredor segue junto com outro para pegar o bastão. É mais ou menos assim que a sucessão deve ocorrer. É difícil precisar, mas normalmente o início deste processo deve ser quando o fundador chega aos 60 anos e, aos 70, é quando a sucessão ocorre.

Somente a idade do fundador determina o momento da sucessão?
Não, depende de muitos fatores: a diferença de idade entre os sucessores; do preparo do herdeiro que muitas vezes não está desenvolvido para esse papel ou até mesmo tem outra profissão.

Como amenizar os conflitos na sucessão?

Por mais que os pais queiram que os filhos continuem no negócio, é incrível como jogam contra. Muitas vezes, eles não querem ver sua autoridade desafiada ou lidam muito mal com a sucessão por relacioná-la com a ideia de morte, o que não é verdade. Os pais devem perceber a sucessão como uma oportunidade de estar na linha de frente e pensar em estratégias para a empresa. Já os filhos têm de ter força e posicionamento para que a sucessão aconteça. Por isso, é tão importante que herdeiros tenham experiências profissionais fora, para que a relação seja mais madura, profissional e de confiança.

Como separar a relação familiar da profissional?
Acho que a principal regra é tomar medidas práticas e simples no dia a dia que refletem nas relações maiores. Por exemplo: não utilizar o motorista ou carro da empresa para compromissos pessoais. Casais que trabalham juntos devem se tratar como profissionais e não como marido e mulher. Situações cotidianas inserem uma cultura profissional no negócio, já que as empresas familiares normalmente são movidas por sentimentos.

Como usar essa emoção a favor da empresa?
Muitas vezes vemos uma empresa familiar e nos perguntamos: “como esse negócio conseguiu se manter tão coeso?”. Ao
olhar a sua história, percebe-se então que lá atrás o fundador plantou uma semente de não depredar o recurso e patrimônio,
estimular os filhos para o negócio, ter cuidado e amor com a empresa. Isso é o que chamamos de governança.

Esta entrevista foi publicada na edição 44 do Nosso Varejo. Para ler outras reportagens, clique aqui.[1]


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