Home  > Notícias do Varejo  > Vândalos depredam lojas na Rua 13 de Maio, no Centro de Campinas

Vândalos depredam lojas na Rua 13 de Maio, no Centro de Campinas

O grupo estourou portas de aço, pegou produtos que estavam perto das portas e ainda quebrou lixeiras, entortou placas de sinalização e aterrorizou motoristas de ônibus no Terminal Central

Loja de celulares ficou totalmente quebrada após ato
Loja de celulares ficou totalmente quebrada após ato

A manhã da última segunda-feira (1) foi de desolação para ao menos dez lojistas que ficam na primeira quadra da Rua Treze de Maio, no Centro de Campinas. Os estabelecimentos foram arrombados0 e saqueados após um baile funk na Estação Cultura, na noite de domingo (31/01). Segundo testemunhas, cerca de 100 jovens participaram do ato de vandalismo, que durou cinco minutos.

O grupo estourou portas de aço, pegou produtos que estavam perto das portas e ainda quebrou lixeiras, entortou placas de sinalização e aterrorizou motoristas de ônibus no Terminal Central. Uma loja que vende celulares e acessórios contabilizou prejuízo de R$ 40 mil. Um dos jovens que participou da ação, inclusive, filmou a depredação e publicou no Facebook, mas retirou do ar depois
que a Polícia Militar (PM) e Guarda Municipal (GM) chegaram ao local dos ataques. Comerciantes dizem que vários jovens foram detidos, mas ninguém foi preso. A polícia não confirmou detenções. Revoltados, 27 comerciantes caminharam no final da manhã de segunda até a Prefeitura em busca de segurança e ajuda para repor os prejuízos, já que a maioria não tem seguro.

Segundo as vítimas, os saques começaram por volta das 22h, após o término do evento. Conforme testemunhas e até mesmo participantes do baile funk, não havia policiamento nas proximidades da Estação Cultura durante e depois do baile funk, nem por parte da GM e nem por parte da PM. Ao menos 8 mil pessoas, segundo organizadores, participaram da festa, sendo a maioria adolescentes. “O pessoal usava droga à vontade. Tinha bebida alcoólica, lança-perfume, maconha. Fui com meus amigos e tivemos que ficar juntos para não se envolver em brigas, pois o pessoal estava tão doidão que brigava por qualquer coisa”, contou um adolescente de 13 anos.

Entre os vândalos havia também garotas. Eles caminhavam pelo calçadão no sentido Terminal Central e chutaram as portas de aço até entortá-las. Em algumas lojas, abriam uma brecha e pegaram o que as mãos alcançavam. “Estou chocada. Nunca vi coisa igual por aqui. Puro vandalismo”, disse a gerente de loja Kátia Fabiana Santos, de 32 anos. A loja mais danificada e que teve praticamente tudo levado foi a de celular. A dona tinha feito reforma havia três meses e na semana passada havia abastecido o estoque. “Há um ano estou neste ponto e até então não tivemos problemas. Não sei o que vou fazer, pois abasteci a loja nesta semana. Não vou ter dinheiro para pagar minhas duas funcionárias”, desabafou a comerciante Patrícia Reymann Machado, de 42 anos.

Os comerciantes foram comunicados da depredação por volta das 23h. Um deles estava pelo local e viu quando o grupo começou o quebra-quebra. Ele avisou os demais e também chamou a polícia e a GM. “A polícia e a Guarda vieram, mas não fizeram nada pela gente. Pelo contrário, quase prenderam um dos comerciantes que desabafava em voz alta. Foi muito descaso”, disse o lojista Roberto Tavares. Os comerciantes fizeram vigília no local até por volta das 3h, com medo de novos saques. Eles se uniram e tentaram arrumar as portas. “Tivemos que contratar um segurança para ficar das 3h em diante”, lamentou outro comerciante.

A presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Adriana Flosi, disse que ficou indignada. “É inaceitável o que ocorreu. Vamos lutar com esses comerciantes. São famílias que dependem das vendas destes pequenos negócios e agora estão quebrados. Não queremos que isso ocorra nunca mais”, disse. Adriana vai se reunir com o setor jurídico da Acic para discutir a possibilidade de uma ação judicial contra a Prefeitura, com o intuito de obrigá-la a ressarcir os prejuízos para as vítimas. Adriana também acompanhou os comerciantes na reunião com secretários na Prefeitura.

O vandalismo ocorreu dois dias depois da confusão do pós desfile da City Banda no Centro Cultural de Convivência (CCC), no Cambuí, em que ao menos sete pessoas, entre policiais militares e guardas municipais, ficaram feridas.

Produtor de festa diz que pediu apoio da GM e PM

Um dos produtores da festa funk, Marcílio Estevão Acioli, lamentou o ato de vandalismo e garantiu que pediu ajuda do vereador Cidão Santos (PROS) para acionar os órgãos de segurança pública para dar cobertura no evento. “Tivemos apoio da Secretaria de Cultura para fazer esta festa. Inclusive, tinha vereadores e secretariado no local. É uma festa séria, cuja comissão é formada por mestres de cerimônia, os MCs, e que arrecadamos alimentos para doar para as organizações não governamentais. Infelizmente no meio de uma multidão, sempre existem aqueles que querem
fazer vandalismo. Jamais queríamos que isso tivesse ocorrido”, disse Acioli.

Segundo o produtor, esta é a segunda edição da festa. A primeira foi realizada em agosto do ano passado. Na época, segundo ele, a Prefeitura enviou a Guarda Municipal (GM) para fazer a segurança. “Se tivessem enviado segurança para pelo menos acompanhar a saída do pessoal, nada disso teria ocorrido”, comentou. A organização informa que contratou cerca de 80 homens tanto na parte de segurança como brigadistas para o trabalho interno. Ele nega que tenha havido uso de drogas durante o evento. Santos confirmou que enviou ofícios à PM e GM, que foram protocolados no dia 22 de janeiro. “Apoio os movimentos culturais e o funk é um evento dentro da cultura. A única coisa que fiz foi enviar os ofícios”, disse o vereador que, inclusive, foi filmado no palco por participantes, fazendo discursos. Em nota, a Prefeitura informou que prestou apoio ao evento, por meio da Secretaria de Cultura, com a cessão do espaço. “A Guarda Municipal esteve presente no local durante toda a realização do evento, que transcorreu sem incidentes. Os atos de vandalismo aconteceram durante a dispersão dos participantes, após do término da festa”,
frisou em nota. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a GM realiza patrulhamento de rotina em toda área central da cidade e pode ser acionada pelo telefone 153 em caso de emergências. Já o comando do 8º Batalhão de Polícia Militar do Interior informou que “não houve ciência oficial de tratar-se de baile funk, nem mesmo estimativa de público e outras providências legais cabíveis a eventos junto à PM”. Porém, diz que os policiais foram acionados via 190 e as equipes de policiamento preventivo da região deslocaram de imediato para o local para atendimento. O vereador  encaminhou o ofício para o comando do 35º Batalhão.

Fonte: Correio Popular