Varejista, programe-se para pagar o 13º salário

by Luciana Felix | 20/07/2017 17:53

O 13º salário é um assunto que começa a vir à tona no segundo semestre, com a expectativa do pagamento, o que fazer com o dinheiro e quanto a remuneração vai injetar na economia. Mas quem é empresário precisa se preocupar com esse tema bem antes para evitar aborrecimentos e apertos financeiros.

De acordo com o consultor do Sebrae Maurício Mezalira apesar do empresário saber da obrigatoriedade do pagamento do 13º salário, dificilmente ele consegue guardar esse dinheiro no dia a dia. “Isso se deve em grande parte porque a gestão financeira dos pequenos negócios é feita com base no que entrou e saiu do caixa”, conta.

Essa era a realidade da empresa Reobote, localizada na zona leste de São Paulo, até a chegada de Felipe Takany, que começou a trabalhar na empresa criada pelo pai, Eduardo Souza da Silva. No início, em 2006, logo que ele começou na empresa, uma pessoa era responsável pelo acompanhamento da parte financeira. “Já era bom de certa forma porque existia um acompanhamento visando o caixa, quanto pagou, quanto recebeu”, lembra o gerente de operações. Na época, Tarkany trabalhava de dia e estudava administração à noite. Em seguida, se especializou em qualidade e agora planeja um MBA em direção executiva.

Tarkany assumiu a parte financeira só em 2012, quando começou a fazer uma gestão mais madura da empresa. O planejamento para o pagamento do 13º salário e férias dos funcionários começou após contato com o Sebrae e a apresentação de modelos de Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Desde então, a empresa calcula o porcentual das férias e 13º salário dos funcionários que deve ser poupado todos os meses e já inclui o valor no resultado do mês, como se fosse uma despesa daquele período. “Fazemos uma reserva de caixa. Além de não ter um impacto tão grande no orçamento da empresa em dezembro, que já é um mês de receita baixa, conseguimos ter um resultado não tão impactante de despesa”, afirma.

A Reobote, especializada em fosfatização, trefilação e decapagem de aços, tem atualmente dez funcionários. “Nosso negócio é específico e atendemos vários mercados diferentes. Ao mesmo tempo que caiu o mercado automobilístico, outros foram melhorando. De modo geral, enxergo uma melhora”, conta Tarkany, que fez uma contratação recentemente para um novo turno na empresa.

Planejamento

O consultor do Sebrae ressalta que saber o custo de um empregado é um desafio para os donos de micro e pequenas empresas. “Além do salário combinado, ele deverá considerar outros custos previstos na CLT e nos acordos coletivos das respectivas categorias”, destaca.

Na prática, os empresários não fazem a reserva financeira ao longo do ano. “Devido ao dinamismo dos negócios e os desiquilíbrios no fluxo de caixa, o provisionamento não é feito, comprometendo o planejamento financeiro. Quando chega o final do ano o empresário acaba tendo que recorrer a alguma linha de crédito para solucionar o problema”, diz Mezalira.

Uma pesquisa do Sebrae mostra justamente a utilização do financiamento para o pagamento. No fim de 2015, 64% das empresas consultadas no Estado de São Paulo afirmaram que iriam conseguir pagar o 13º salário em dia, 5% não iriam pagar em dia, 30% não tinham empregados com direito ao 13º. Entre as empresas com empregados com direito ao abono de fim de ano, 11% pretendiam contar com empréstimo para pagar o 13º.

Para não errar o custo do 13º salário, o consultor financeiro orienta o empresário a considerar todo mês o equivalente a 1/12 do salário do empregado. Esse valor deverá ser guardado, preferencialmente, em uma aplicação financeira para que o dinheiro renda juros. “Ao considerar o custo dentro do mês em que ele ocorreu possibilita ao empresário enxergar adequadamente se sua empresa está indo bem, ou seja, se está gerando lucro”, observa.

O consultor lembra ainda que o empresário não pode esquecer de incluir na conta outros encargos trabalhistas para não desiquilibrar as finanças em uma eventual demissão do funcionário.

Quem ainda não começou a guardar dinheiro pode começar o quanto antes. Basta dividir o valor do pagamento pelo número de meses que faltam. “Não se precaver para o pagamento deste adicional é um dos motivos que muitas empresas começam o ano com dificuldade porque precisaram pegar empréstimos”, alerta o consultor do Sebrae.

 

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios[1]

Endnotes:
  1. Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios: http://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2017/07/pagamento-do-13-salario-ja-vale-pena-se-preparar-para-despesa-extra.html

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