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Análise do desempenho do comércio e perspectivas para 2024

A interligação entre o desempenho do setor comercial e a saúde econômica geral é inegável. Olhando retrospectivamente para 2023, é evidente que a economia nacional superou as projeções iniciais

Sanae Murayama Saito – Presidente do Sindivarejista de Campinas e Região

A interligação entre o desempenho do setor comercial e a saúde econômica geral é inegável. Olhando retrospectivamente para 2023, é evidente que a economia nacional superou as projeções iniciais, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) provavelmente atingindo cerca de 3%, em comparação com a expectativa inicial de 1%. No entanto, este crescimento robusto não foi uniformemente refletido no setor comercial, apontando para desafios subjacentes que merecem consideração para garantir uma trajetória sustentável de crescimento a longo prazo.

O desempenho positivo da economia em 2023 foi impulsionado, em grande parte, pelo setor agrícola, que historicamente desempenhou um papel vital, e pela recuperação contínua dos serviços após os impactos da pandemia. Embora a demanda tenha sido impulsionada por um aumento nas exportações e pelo consumo das famílias, sustentado em parte por políticas governamentais de transferência de renda e um mercado de trabalho mais resiliente do que o previsto é importante ressaltar que esses fatores foram mais conjunturais do que estruturais.

Apesar do crescimento geral da economia, o setor comercial não conseguiu capitalizar totalmente essa tendência positiva. Isso se reflete no desempenho relativamente fraco do comércio, com um crescimento de apenas 0,9% nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse cenário é ainda mais preocupante considerando a desaceleração subsequente, com um crescimento de apenas 0,7% no terceiro trimestre.

Vários fatores contribuíram para o desempenho abaixo do esperado do setor comercial. Altas taxas de juros, consumidores endividados e direcionamento de renda para serviços em detrimento de bens físicos foram citados como razões principais. Essas tendências resultaram em margens de lucro estreitas, endividamento elevado das empresas e, em alguns casos, prejuízos operacionais.

Ao examinar os dados mais recentes, vemos uma imagem mista do setor comercial em 2023. Enquanto alguns segmentos, como móveis e eletrodomésticos, registraram crescimento, outros, como vestuário e materiais de construção, enfrentaram declínios significativos nas vendas. Essa heterogeneidade de desempenho destaca os desafios enfrentados pelo setor como um todo.

À medida que entramos em 2024, é improvável que ocorram mudanças drásticas no curto prazo. O ambiente econômico continuará desafiador, com altas taxas de juros, inadimplência e incertezas políticas persistindo. Embora haja expectativas de uma leve melhoria em alguns indicadores, como a queda dos juros básicos, o setor comercial deve continuar enfrentando pressões significativas.

Em resumo, o setor comercial enfrenta um ambiente complexo e desafiador em 2024. Embora alguns segmentos possam experimentar um desempenho mais consistente, é improvável que haja uma recuperação significativa no curto prazo. As empresas do setor devem permanecer cautelosas e adaptáveis diante das incertezas econômicas em curso, enquanto buscam oportunidades de crescimento sustentável a longo prazo.