Homens e mulheres com mais de 60 anos se tornaram uma grande oportunidade para os pequenos e médios varejos. Eles são fiéis e um grande filão de mercado.
Quem não concorda que o conceito de “velhice” mudou? Esqueça aquela imagem de homens e mulheres com mais de 60 anos, dentro de casa vendo TV, com saúde frágil e sem planos futuros. Hoje, o que se vê são idosos ativos. Muitos ainda trabalham e sustentam suas famílias.
Eles sabem muito bem o que querem, e como querem. Essa é a cara da nova Geração 6.0 (população acima de 60 anos) que veio para ficar e passou a representar um grande filão de negócios para as pequenas e médias empresas do varejo que souberam enxergar essa mudança de perfil.
Segundo pesquisa da consultoria Officina Sophia Retail, responsável pelo estudo ‘Geração 6.0’, que mapeou o comportamento desta geração, os novos idosos não querem mais ser tachados como “velhos”, eles buscam os mesmos produtos de pessoas mais jovens e querem ser tratados como tais. A pesquisa apontou também que adoram novidades: são fiéis aos locais onde fazem compras e sabem muito bem identificar promoções e enganações”.
“A intenção foi auxiliar o comércio a enxergar de forma mais objetiva esse público, que é forte, está em grande número, tem renda que, na maioria das vezes, é gerenciada como querem, já que eles não têm prestações a longo prazo para pagar”, afirmou a coordenadora da pesquisa e sócia-diretora da Officina Sophia Retail, Valéria Rodrigues.
A coordenadora também revelou que esse público gosta de consumir produtos atuais. “Não querem loja de produtos para idosos, querem consumir o que todos estão consumindo. Não querem ser rotulados, por isso é preciso se adaptar às necessidades deles, mas sem fazer discriminação, separação”. A pesquisa apontou que ir ao supermercado é um passeio para esse público. “Para 57% dos entrevistados, ir ao supermercado é prazeroso. Gostam de ver novidades e passam bastante tempo no local”, destacou Valéria. A maior parte dos gastos é no próprio supermercado (26% do total). “Na sequência, os gastos são com moradia (24%), saúde (18%), tecnologia (9%) entre outros”.
Como atrair esse público?
Para Valéria, entre os pontos primordiais para ganhar o cliente da ‘melhor idade’ está o esforço do varejista em fazer um atendimento adequado, com vendedores atenciosos, etiquetas com números grandes e preços acessíveis. “Essas são as principais demandas defendidas por eles na pesquisa. A loja
ideal, para essa geração, seria a que tem atendentes treinados e simpáticos para dar explicações sobre os produtos de forma simples. Com etiquetas grandes e de fácil entendimento. Então não é a loja com produtos de velhinhos, mas sim uma loja que dispõe produtos para todos e com atendimento atento
às necessidades desse público. Quem conseguir enxergar isso e fazer pequenas remodelações vai conquistar uma clientela muito grande e fiel”.
Varejista de Campinas dá exemplo de como conquistar essa geração
A pesquisa da consultoria Officina Sophia Retail também apontou que as lojas de bairro são as
preferidas dos clientes 6.0, principalmente aquelas onde o atendente conhece pelo nome, sabe os
produtos prediletos, é gentil e o ajuda a embalar e carregar as compras.
Em Campinas, a rede de supermercados Kushi é exemplo em atendimento ao idoso. Muitos deles frequentam as unidades localizadas no distrito de Sousas há mais de 20 anos. A relação passou de cliente e empresa para uma relação de amizade e cumplicidade. “Temos clientes conosco desde que abrimos há 30 anos e a clientela da terceira idade é muito grande. O mais interessante é que eles são fiéis”, afirmou o gerente da unidade localizada na Avenida Antônio Carlos Couto de Barros, Fábio Maroftica Jr.
Ele explicou que um dos segredos dessa fidelização é o atendimento. “Nossos colaboradores são construídos a darem orientações personalizadas, principalmente aos mais idosos que, às vezes, necessitam de uma ajuda para ler instruções ou até para carregar algo mais pesado. E isso passou a fazer parte da rotina dos funcionários, que os conhecem pelo nome, sabem do que gostam ”, afirmou o gerente.
Na unidade, a maior parte dos clientes de terceira idade gosta de fazer suas compras no período da manhã, como a aposentada Cléo Peixoto, de 74 anos. Semanalmente ela está no local e costuma encher o carrinho.
Moro no distrito e estou acostumada a vir aqui, faço isso há 20 anos”. A dona de casa Marilza Peixoto de Almeida, de 72, também é fã do supermercado. “Os atendentes me conhecem pelo nome e sabem o que quero.” A também aposentada Ana Maria Coelho, de 86 anos, é fã do hortifrúti da unidade. “São frutas e legumes frescos. A qualidade é essencial, além de ser fácil para comprar”.
Além do Kushi, a rede Pão de Açúcar revelou que deu início ao plano de desenvolvimento de políticas de atendimento voltadas à terceira idade que irá se estender a todo grupo GPA (Pão de Açúcar, Extra, Assaí) e também às unidades pertencentes a Via Varejo (Casas Bahia e Pontofrio).
Público que só vai aumentar, afirma especialista
A população brasileira está envelhecendo mais. A estimativa do IBGE é que até 2026 o país tenha 37 milhões de idosos.
Hoje já são 25 milhões de pessoas, o que representa 12,7% da população brasileira. A pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie Márcia Pivatto está desenvolvendo um estudo para entender como as empresas de diversos setores estão trabalhando o envelhecimento da população, e se estão preparadas para atender essa demanda.
Para ela, a mudança será rápida e é preciso ser iniciada agora. “É fato que teremos uma população envelhecida. Como iremos encarar isso? O que os diversos setores devem fazer para se preparar? Estamos trabalhando nisso, criando ferramentas de auxílio para as empresas em diversos setores”, disse.
Essa reportagem foi publicada na última edição do Nosso Varejo. Para fazer o download, clique aqui
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