Iniciativa faz parte de projeto-piloto de logística reversa em teste na cidade e conta com pontos de coleta em estabelecimentos selecionados na região da Lapa
Está em andamento em São Paulo um projeto piloto de logística reversa de eletroeletrônicos (REEE). A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio do seu Conselho de Sustentabilidade, é uma das entidades que apoiam e incentivam o projeto, nomeado “descarte ON”. A iniciativa é realizada em conjunto pelos governos do Japão e do Brasil.
Em funcionamento até 31 de outubro na região do bairro da Lapa, na capital paulista, o projeto conta com o engajamento de varejistas, cooperativas e associações representativas do setor eletroeletrônico. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a importância da destinação correta para esse tipo de material e também reunir informações para embasar o acordo setorial de logística reversa do segmento, cuja implementação deve ocorrer em breve.
“O interessante é que estamos tentando fazer com que esse projeto funcione o mais parecido possível com a proposta do acordo setorial. Vamos ter uma amostra de como o consumidor se comporta, se vai levar os resíduos para descarte e os custos da operação”, explica a assessora do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Cristiane Cortez. A ideia é que com esses dados seja possível formatar o acordo da melhor forma possível e avançar a proposta para que seja implementada o quanto antes.
Como funciona
Quem tiver interesse em descartar algum eletroeletrônico deve se dirigir a um dos estabelecimentos que estão recebendo os itens. As lojas que fazem parte da iniciativa são Casas Bahia, Extra, Extra Hiper, Lojas Americanas, Pernambucanas, Ponto Frio e Walmart.
Podem ser descartados nos pontos de coleta eletrodomésticos de pequeno porte (liquidificadores, espremedores, ferros de passar, etc) e eletrônicos de pequeno porte, como aparelhos de áudio e vídeo, laptops e celulares. Baterias, pilhas, lâmpadas fluorescentes e tonners de impressora não estão incluídos.
“A grande oportunidade é de experimentar um modelo de logística reversa que já acontece em outros países”, aponta o diretor de Relações Corporativas do Grupo GPA, Paulo Pompilio. O conglomerado reúne as empresas Casas Bahia, Extra e Pontofrio, participantes da iniciativa. Segundo ele, o projeto possibilita ainda incentivar o cliente a entregar esse tipo de resíduo, que é diferente do descarte de embalagens, por exemplo. Pompilio explica que no caso dos eletroeletrônicos, mesmo que o item não funcione mais, o consumidor tem um certo “apego” ao aparelho, porque fez um investimento “grande” em dinheiro ao adquiri-lo e, por este motivo, acredita que ainda tem valor. “Mostramos ao consumidor que, caso ele queira descartar, deve fazer de forma correta. Esse é o maior desafio”.
De acordo com o diretor do Grupo GPA, a adesão ao projeto piloto foi motivada pelo histórico que as empresas do grupo têm com os temas sustentabilidade e reciclagem. Ele ressalta que esse é um assunto que não tem volta, já que a tendência é cada vez mais a sociedade debater os impactos da produção e consumo ao meio ambiente e tomar consciência em relação ao descarte correto. “Além disso, quanto mais pessoas fazem [o descarte correto], a cadeia produtiva fica mais efetiva”.
Segunda etapa
O recebimento dos itens descartados nos pontos de coleta instalados nos estabelecimentos participantes constitui a primeira etapa do projeto. O próximo passo, que deve ser colocado em prática em breve, é a coleta de resíduos eletroeletrônicos maiores, como fogões, geladeiras, máquinas de lavar e secar, TVs e aparelhos de ar condicionado, na residência do consumidor que desejar descartá-los.
Nesse caso, o cliente que comprar qualquer um dos cinco tipos de eletroeletrônicos de grande porte nas lojas participantes do projeto e queira descartar o seu aparelho antigo, poderá adquirir o serviço de coleta em domicílio, oferecido pelo varejo, no preço de R$ 10 a unidade. Este valor servirá para custear parte da despesa de transporte da coleta entre a residência do consumidor e a destinação adequada.
Quem participa
O projeto de REEE foi desenvolvido pela Japan International Cooperation Agency (JICA), órgão do governo japonês responsável por ações que apoiem o crescimento e a estabilidade socioeconômica de países em desenvolvimento; além do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); Ministério do Meio Ambiente (MMA), Prefeitura de São Paulo – por meio da Secretaria de Serviços e da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Entre os demais participantes da iniciativa estão a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), Associação Paulista de Supermercados (Apas), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), por intermédio do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer; e a Ecos, que será responsável pela destinação ambientalmente adequada dos resíduos eletrônicos.
Fonte: FecomercioSP