Home  > Notícias do Varejo  > Queda de 3% na confiança do consumidor abala humor dos empresários

Queda de 3% na confiança do consumidor abala humor dos empresários

Novas compras estão comprometidas pelas instabilidades econômicas, como alta do desemprego, desvalorização do real e inflação

A segunda queda consecutiva na confiança do consumidor em abril (-3%) já reflete a tendência de confiança, até então alta, do empresário do comércio (-1,2%), ocasionando uma desaceleração dos investimentos futuros e das contratações de novos funcionários (-2,1%). Para a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o atual momento é o mais crítico desde agosto de 2018, deixando os comerciantes alertas.

O consumidor não tem orçamento para novas compras em decorrência das instabilidades econômicas, como alta do desemprego, desvalorização do real e inflação sobre determinados produtos (alimentos, por exemplo).

Ainda conforme a Entidade, tais fatores atingem as finanças das famílias e aumentam o endividamento e a inadimplência. Assim, os empresários percebem suas vendas em um ritmo lento e ficam receosos em relação a investimentos futuros e contratações. Além disso, completam o quadro de insegurança empresarial a tramitação lenta da Reforma da Previdência e a estagnação das medidas que desburocratizam o ambiente de negócios – como a Reforma Tributária.

A Federação alerta que, com os consumidores ditando as expectativas dos empresários e as novas reduções na intenção de consumo, quedas na confiança do empresário do comércio podem surgir nos próximos meses. Confira a seguir mais detalhes das pesquisas:

ICC

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) sofreu sua segunda queda consecutiva (-3%) ao passar de 125,9 pontos em março para os atuais 121,7 pontos. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o ICC avançou 10,7%.

Entre os dois quesitos que compõem o indicador, o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) registrou alta de 1,9%, passou de 97,4 pontos em março para 99,3 pontos em abril. Entretanto, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) caiu 5,3% – 144,3 pontos em março para os atuais 136,7 pontos. Contudo, no comparativo anual, ambos registraram altas de 16,5% e 8,1%, respectivamente.

ICEC

Após sete altas consecutivas, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) retraiu 1,2% em abril e passou de 125,3 pontos em março para os atuais 123,8 pontos.

Dos três itens que integram o indicador, dois recuaram na passagem de março para abril. O IEEC (Índice de Expectativa do Empresário do Comércio) caiu 1,8%: de 167,2 pontos em março para 164,2 pontos neste mês. Em relação ao mesmo período do ano passado, subiu 4,6%. O IIEC (Índice de Investimento do Empresário do Comércio), que mede a propensão dos empresários por novos investimentos, registrou o mesmo recuo de 1,8% – 99,1 pontos em abril, ante os 100,9 pontos em março. Entretanto, registrou aumento de 4% na comparação com o mesmo mês de 2018. Já o ICAEC (Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio) se manteve estável, com leve alta de 0,2%. Na comparação anual, a elevação foi de 15,4%.

IEC

O Índice de Expansão do Comércio (IEC) também recuou 2,1% e passou de 108,7 pontos em março para 106,4 pontos em abril. Os dois quesitos do IEC registraram queda no mês: a propensão do empresário a investir baixou 1,7% em relação a março e passou de 90,5 pontos para os 88,9 pontos atuais. Em comparação com abril de 2018, quando apresentava 84 pontos, obteve alta de 5,9%. O item que mede a expectativa de novas contratações caiu 2,4%, com 123,9 pontos em abril, ante os 126,9 pontos em março. No entanto, em relação ao mesmo período do ano passado, o índice apontou alta de 3,9%, quando registrou 119,3 pontos.

Cautela e conservadorismo

A Federação ressalta que o momento pede cautela e recomenda ao comerciante a reavaliação de processos administrativos, equilibrando custos e receita, com o intuito de aumentar a produtividade. Nesse tempo de espera de melhora econômica, as operações devem ser mais conservadoras, e os investimentos, adequados ao fluxo de caixa, que deve ser avaliado diariamente para não se perder no fim do mês, evitando estoques inadequados e endividamento.

A sugestão da FecomercioSP ao empresário é que se adapte de acordo com o giro de vendas. Os itens mais comercializados podem ser mantidos em maiores volumes. No entanto, os de menor giro devem ter seus estoques bem reduzidos. Não é sugestivo o comerciante retirar totalmente os investimentos no momento, mas não deve ser ousado em relação a novos empreendimentos.

A expectativa é que a recuperação econômica seja um pouco mais lenta do que o esperado no início do ano. Essa pausa no crescimento pode ser revertida, porém, já causou impacto negativo nas projeções para 2019. Os resultados das pesquisas nos próximos meses serão fundamentais para reavaliar o ambiente de negócios.