Dos cerca de 150 mil lojistas gaúchos, 17 mil operam em Porto Alegre e perto de 12 mil estão debaixo d’água, segundo a FAGV
Ao menos sete em cada dez empresas do varejo no Rio Grande do Sul foram afetadas pelas enchentes. Foram R$ 600 milhões de perdas na última semana só na cidade de Porto Alegre, a capital, segundo a Federação das Associações Gaúchas do Varejo (FAGV).
As fortes chuvas mataram 147 pessoas, enquanto outras 127 estão desaparecidas e 79.540 em abrigos, segundo relatório divulgado às 12h
desta segunda-feira, 13. Dos 487 municípios gaúchos, as chuvas atingiram 447 e provocaram transtornos para mais de 2,1 milhões de pessoas, quase um em cada cinco habitantes do Estado, calculado em 11,2 milhões, segundo o Censo.
“Prejuízo gigantesco”
Os dados preliminares dos prejuízos para o varejo foram apresentados durante uma reunião da diretoria da FAGV nesta segunda-feira. Segundo o presidente da entidade, Vilson Noer, perto de 430 mil pessoas que trabalham no varejo –100 mil só em Porto Alegre– não estão trabalhando por terem sido atingidas pelas chuvas ou não conseguirem se locomover até os postos de trabalho, a maior parte deles, alagados.
“É um prejuízo gigantesco. Se formos colocar em temos de empregabilidade, 70% empresas não estão trabalhando no Estado. A logística está destroçada”, afirma Vilson.
Dos cerca de 150 mil lojistas gaúchos, 17 mil operam em Porto Alegre e perto de 12 mil estão debaixo d’água, segundo a FAGV.
Estimativas apresentadas pelo presidente indicam que o varejo movimenta cerca de R$ 2 bilhões ao mês só em Porto Alegre. Segundo ele, o varejo é o principal empregador no Estado gaúcho, e a paralisação impactará toda a cadeia econômica.
Dados preliminares dão conta que as vendas nos Dia das Mães, considerado o segundo o Natal pelo comércio, ficou bem abaixo das expectativas. “Mesmo naquelas cidades não atingidas, o desempenho foi pífio”, diz. Ele estima que as vendas não chegaram a 20% do previsto.
Os dados apresentados são baseados em estimativas calculadas pelas associações presentes à reunião. Uma espécie de “censo” de todo o prejuízo do setor será calculada pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Sebrae.
Fonte: Estadão
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O Rio Grande do Sul vive um momento dramático, com dezenas de mortes e um cenário de devastação estarrecedor. A população tem sofrido com as consequências dos temporais que atingem o Estado desde a semana passada, deixando milhares de pessoas e animais desamparados. Além dos impactos humano e ambiental — que devem ser o foco neste momento para que mais vidas sejam salvas e para que haja o restabelecimento da normalidade o mais breve possível —, a catástrofe, obviamente, terá efeitos econômicos tanto para o Rio Grande do Sul como para o País.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estima que as perspectivas são de perdas, com efeitos, inclusive, sobre os consumidores, em decorrência de uma eventual pressão nos custos, especialmente dos alimentos. Nenhum setor deixará de ser afetado — no Comércio, nos Serviços, na Industria e no Agronegócio.
Tudo isso considerando que ainda é cedo para se ter uma ideia da real dimensão dos estragos.
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ITENS MAIS AFETADOS
O arroz e os derivados do leite são alguns exemplos de itens que devem ficar mais caros por conta da catástrofe. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do País, e, embora pouco mais de 80% da safra tenha sido colhida, ainda não dá para saber se os estoques foram atingidos ou quanto da parcela restante foi perdida. Há incertezas ainda sobre a logística do produto pelas restrições das rodovias.
O mesmo acontece com a criação de gado para produção de leite, que deve ser impactada com a perda de vacas e pasto, além da ingestão, por esses animais, de água sem qualidade, em razão das condições atuais do local.
Outros itens que devem encarecer são as frutas: uva, pêssego e maçã, tradicionais da região, podem ter a produção e o escoamento afetados pela interdição de estradas, impactadas pelos estragos ou pelo deslocamento de caminhões que estão sendo usados para prestar apoio à população atingida.
Nesse caso, os preços, que já estavam em alta desde o ano passado, em consequência de outro fator climático (El Niño), devem sofrer ainda mais pressão. Já no caso das hortaliças, a perspectiva é de falta de estoques nos estabelecimentos durante algumas semanas.
A paralisação da indústria local, seja para o atendimento às famílias, seja por outros fatores, pode levar à falta de suprimentos de inúmeras outras indústrias que utilizam o aço, por exemplo, como matéria-prima.
Para o Turismo, haverá, sem dúvidas, grande efeito: o Aeroporto Internacional Salgado Filho ficará fechado até o fim deste mês, com cancelamentos de voos, até que as operações sejam restabelecidas. O aeroporto é responsável por 3% da movimentação de passageiros pelo Brasil — no mês de maio do ano passado, circularam por ele 540 mil pessoas.
Para se ter uma ideia da dimensão desse evento, a tragédia de Brumadinho, menor e mais localizada, provocou uma queda de 0,2% no Produto Interno do Brasileiro (PIB) em 2019 — mais de R$ 20 bilhões em valores atuais. No Rio Grande do Sul, é muito provável, infelizmente, que os danos causados tenham impacto ainda maior para o PIB nacional. Isso, sem falar, é claro, dos efeitos significativos para a economia e para a população locais.
A FecomercioSP e o SindiVarejista se solidarizam com as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul e mantém diálogos abertos com várias instâncias para ajudar na reconstrução do estado a partir de agora.
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