Garantir a fidelidade do cliente é a principal arma contra a crise, segundo varejistas tradicionais de Campinas.
A crise econômica afetou em cheio o comércio varejista de Campinas. É só dar uma volta por importantes vias da região para ver diversos imóveis comerciais com placas de ‘aluga-se’. Antes eram lojas, lanchonetes, minimercados, porém nem todas aguentaram a severa recessão que estamos vivendo e abaixaram as portas. O consumidor reduziu as compras, o crédito se tornou mais escasso e caro e a combinação entre queda de receita, menos recursos disponíveis para financiar estoques e a clientela baixa engrossou a estatística de estabelecimentos que encerraram as operações. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), em 2015, cerca de 30 mil varejistas encerraram suas atividades no Estado. O número dos primeiros meses deste ano ainda não foi divulgado.
Em meio a tantas notícias e dados ruins, o SindiVarejista foi atrás de comércios antigos da cidade, com mais de 50 anos de história, e que já enfrentaram momentos econômicos tão ruins como esse, mas que continuaram “firmes e fortes”. E lançou a pergunta: qual o segredo para sobreviver a tamanha turbulência e manter o sucesso? Entre as respostas, uma foi a mais comum, ‘fidelização de clientes’.
Rei do Fumo, 98 anos
“Já vivi tempos ruins economicamente. E tive que regredir e repensar meu negócio para que ele se tornasse forte”, afirmou o comerciante Henrique Husemam, de 83 anos, proprietário do Rei do Fumo no Mercadão Municipal. A loja da família completará cem anos e, segundo Henrique, é uma das mais antigas da cidade. Ele orgulha-se em dizer que a crise está longe de afetar sua operação.“Na época do Plano Sarney, tivemos que fechar outra loja. Tivemos que focar em uma. Fizemos a coisa certa”. Segundo ele, não foi apenas esta estratégia que ajudou. “O segredo é a clientela. Sem ela não somos nada. Trato o cliente como parente. Alguns conheço há 40 anos. O segredo é o tratamento diferenciado e o sorriso no rosto”.
Foto Óptica Imperial, 78 anos
A lojinha fica na Rua General Osório e mesmo pequena ela não perde em nada para as grandes redes de óticas. O empresário Eduardo Tonolli cresceu na loja, ao lado do pai, José Tonolli, e aprendeu a lição mais importante: a atenção ao cliente. “Meu pai fez modificações conforme a necessidade, mas uma coisa nunca mudou: o cuidado e a atenção com nosso cliente”. A marca chegou a ter duas unidades, mas uma série de complicações fez o empresário desistir e ficar apenas com uma. “Com a crise, o movimento caiu. Mas estamos segurando bem. Isso porque nosso cliente é fiel. Muitos deles voltam com netos. Agregado a isso, temos a facilidade de pagamento, utilizamos carnês, por exemplo. Mas o que pesa mais é o nosso trato com o cliente”, afirmou.
Irmãos Meirelles, 72 anos
“A confiança dos clientes em nossos produtos nos fez crescer e firmar no mercado”, afirmou o sócio-proprietário João Meirelles. Quando foi fundada, a loja vendia insumos agropecuários e, com o passar dos anos, ampliou as opções . “Hoje temos 13 mil produtos. Conseguimos crescer e atravessar as crises econômicas com redução de despesas e planejamento”, explicou. João afirmou que, apesar da crise, a loja planeja novas unidades. “Devemos isso ao nosso cliente. Aqui damos tratamento diferenciado. Vendemos o produto e fornecemos informações. Muitos clientes passam na loja para pedir orientação, às vezes não compram nada. Mas voltam, porque confiam e são muito bem atendidos sempre.
A reportagem está na edição 37 do Nosso Varejo. Para conferir outras matérias, clique aqui.