O levantamento não apenas nos fornece números, mas também nos permite espiar os bastidores do comércio da região
Sanae Murayama Saito – Presidente do Sindivarejista de Campinas e Região
À medida que nos aproximamos do Natal, uma atmosfera de otimismo toma conta dos comerciantes em Campinas e no estado de São Paulo. Os números divulgados pela FecomercioSP são, sem dúvida, animadores, indicando um crescimento projetado de 7% no faturamento do setor na região de Campinas em dezembro, comparado ao mesmo período do ano passado.
Não é apenas uma boa notícia para os comerciantes locais, mas também um reflexo de um cenário mais amplo: o Estado de São Paulo está caminhando para encerrar 2023 com o maior faturamento em 15 anos, atingindo a marca de R$ 1,2 trilhão, representando um aumento de 4% em relação ao ano anterior.
O levantamento não apenas nos fornece números, mas também nos permite espiar os bastidores do comércio da região. Entre os setores que prometem impulsionar o crescimento, as lojas de eletrônicos e eletrodomésticos lideram o pelotão, projetando um notável crescimento de 61% nas vendas em relação ao ano passado. Autopeças e acessórios também se destacam, prevendo um aumento de 14%. Enquanto isso, roupas e calçados, farmácias e perfumarias, e supermercados apresentam perspectivas igualmente positivas, com aumentos de 10%, 8% e 5%, respectivamente.
Para entender o contexto por trás desses números, é crucial considerar os fatores econômicos que têm impulsionado esse desempenho. A queda da inflação, especialmente em alimentos e bebidas, é citada como um elemento chave. Além disso, o mercado de trabalho, com mais de 100 milhões de brasileiros empregados, e a criação de 502 mil vagas formais em São Paulo de janeiro a outubro, desempenham um papel na confiança do consumidor.
Apesar do otimismo presente, é prudente olhar para o futuro. As projeções para 2024 apontam para um cenário de estabilidade, com o varejo paulista não registrando aumento no faturamento total. Farmácias e perfumarias, bem como supermercados, são esperados para liderar com crescimentos de 14% e 7%, respectivamente.
No entanto, há nuvens no horizonte, e é preciso ficar em alerta para um fator de risco significativo: o controle das contas públicas. O aumento potencial de gastos, que pode agravar a situação fiscal do país, pode gerar volatilidade no mercado e afetar as expectativas de juros e inflação, potencialmente desencorajando novos investimentos.
Por fim, o Natal de 2023 se apresenta como uma celebração para o comércio em Campinas e São Paulo, refletindo não apenas o espírito festivo, mas também indicando um panorama econômico robusto. No entanto, enquanto celebramos os sucessos do presente, é necessário que mantenhamos um olhar atento para os desafios que se apresentarão em 2024.
À medida que fechamos as cortinas de 2023, é crucial lembrar que a resiliência econômica é construída tanto nas celebrações de sucesso quanto na antecipação responsável dos desafios vindouros.