O Sindivarejista de Campinas acompanha com atenção esse cenário e analisa as possíveis consequências dessa medida não apenas para a economia nacional
No último dia 9 de julho, o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, anunciou uma sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o país. A medida inclui o Brasil em uma lista de cerca de 20 nações que sofrerão aumento tarifário, e entrará em vigor a partir de 1º de agosto.
Embora as razões que motivaram essa decisão não estejam claramente baseadas em fundamentos comerciais – visto que os Estados Unidos já detêm superávit em sua balança comercial com o Brasil –, os impactos econômicos podem ser significativos. No primeiro semestre de 2025, o Brasil importou US$ 1,67 bilhão a mais dos EUA do que exportou. Ainda assim, foi incluído na lista de países penalizados.
O Sindivarejista de Campinas acompanha com atenção esse cenário e analisa as possíveis consequências dessa medida não apenas para a economia nacional, mas especialmente para o comércio varejista da nossa região.
Do ponto de vista macroeconômico, a medida pode pressionar o câmbio. Com uma possível retração no comércio bilateral, haverá menor entrada de dólares no Brasil, o que pode levar à valorização da moeda norte-americana frente ao real. Esse movimento impacta diretamente os custos de produtos importados e pode acelerar a inflação, comprometendo o poder de compra da população.
Além disso, os setores industriais brasileiros mais afetados pela nova tarifa incluem exportadores de óleo bruto de petróleo, produtos de ferro ou aço, café não torrado e aeronaves. Caso o fluxo comercial com os EUA diminua, essas indústrias precisarão buscar novos mercados, algo que demanda tempo, investimento e envolve riscos significativos. A desaceleração nesses setores pode afetar empregos, reduzir investimentos e comprometer a atividade econômica em diversas regiões do país.
No contexto de Campinas, há preocupação não apenas com o efeito do câmbio nos preços internos, mas também com a atuação de empresas locais exportadoras para os EUA, influenciando seu desempenho, capacidade de investimento e níveis de empregabilidade. E lembrando que a mercadoria mais exportada foi o óleo de petróleo (US$ 48,6 milhões no ano) e a mais importada de lá os medicamentos (US$ 25,5 milhões no ano). Há, ainda, a possibilidade de retaliação por parte do Brasil, o que poderia elevar o custo de mercadorias importadas de origem norte-americana para Campinas.
Com empresas locais diretamente ligadas a esse comércio internacional, tanto na exportação quanto na importação, os impactos da nova tarifa podem afetar diretamente o desempenho dessas companhias, sua capacidade de investimento e, consequentemente, a geração de empregos. Há também o risco de o Brasil retaliar a medida, o que aumentaria ainda mais o custo de produtos importados de origem norte-americana para o mercado local.
Diante desse novo cenário, o Sindivarejista Campinas reforça sua preocupação com os efeitos em cadeia que essa decisão pode causar, não apenas sobre o câmbio e os preços, mas também sobre o emprego e o consumo, pilares fundamentais do comércio varejista.
Seguiremos atentos aos desdobramentos, na certeza de que é essencial manter o diálogo entre os setores produtivos e as autoridades, em busca de alternativas que mitiguem os impactos dessa medida à economia regional e nacional.
Sanae Murayama Saito é presidente do Sindivarejista de Campinas e Região