Um levantamento da empresa de pesquisas Varejo 360 mostra que as compras de bebidas alcoólicas caíram mais de 35% no dia 25 de setembro
As vendas de bebidas alcoólicas registraram quedas expressivas no Estado de São Paulo na última semana, após a ampliação das notícias sobre casos de intoxicação por metanol. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 195 notificações relacionadas à ingestão de bebida alcoólica contaminada, sendo 14 confirmações e 181 casos em investigação. O Estado de São Paulo concentra 162 registros, liderando o número de ocorrências.
Um levantamento da empresa de pesquisas Varejo 360 mostra que as compras de bebidas alcoólicas caíram mais de 35% no dia 25 de setembro, em comparação com o mesmo período de 2024.
Nos dias 26 e 27, o recuo foi de cerca de 25%, segundo o estudo, que analisou notas fiscais de adegas, lojas de conveniência, supermercados e grandes redes varejistas de autosserviço em todo o Estado. O levantamento não inclui bares e restaurantes.
A vodca foi a categoria mais afetada, com queda de 45% nas vendas na sexta-feira e 43% no sábado (4.out), também na comparação anual.
Segundo a Varejo 360, redes menores tendem a sentir impactos mais intensos, por terem menor controle sobre a procedência dos produtos. Os dados da primeira semana de outubro ainda serão consolidados, mas a tendência é de nova retração.
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância altamente tóxica, volátil e inflamável. Embora tenha odor semelhante ao da bebida alcoólica comum, trata-se de um produto industrial, usado na fabricação de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas.
Também está presente em anticongelantes, limpadores de vidro e removedores de tinta. No Brasil, o metanol é utilizado como matéria-prima na produção de biodiesel.
De acordo com o Conselho Federal de Química (CFQ), a ingestão de apenas 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como cegueira, e 30 ml podem ser letais.
O perigo maior surge nos efeitos tardios da intoxicação. No organismo, o metanol é metabolizado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que provocam acidose metabólica — um desequilíbrio grave no pH sanguíneo.
Os sintomas da intoxicação por metanol incluem:
Segundo a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (Abno), o diagnóstico deve ser feito com base no histórico clínico do paciente e confirmado por exames de sangue e imagem.
Em casos suspeitos de ingestão ou contato prolongado com o metanol, não se deve induzir o vômito. A recomendação é encaminhar a pessoa imediatamente ao hospital.
O tratamento inclui a aplicação de medicamentos intravenosos, como o fomepizol, que, assim como o etanol, inibem o metabolismo do metanol, impedindo a formação do ácido fórmico. O paciente também pode precisar de lavagem gástrica e hemodiálise.
De acordo com o CFQ, o maior risco surge quando o metanol é usado ilegalmente na adulteração de bebidas alcoólicas, prática criminosa que representa grave ameaça à saúde pública.
O consumo de bebidas falsificadas pode causar intoxicação aguda, danos neurológicos e até morte.
Para reduzir os riscos de intoxicação por bebidas adulteradas, os órgãos de fiscalização e entidades químicas recomendam:
A fiscalização rigorosa e as análises laboratoriais regulares realizadas por profissionais da química são fundamentais para garantir a segurança dos consumidores e prevenir novas tragédias.
Em caso de suspeita de intoxicação por metanol, procure atendimento médico imediato e entre em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) pelo telefone 0800 722 6001 (funciona 24 horas).
Fique por dentro das novidades do SindiVarejista.
=> Cadastre-se no nosso Boletim de Notícias (Newsletter). Basta preencher o formulário ao final da página.